DEDO DE PROSA - Laços
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 19 de agosto de 2022
Estela Maria Ferreira

A vida é feita de laços. Logo que nascemos, desfazemos o primeiro e maior dos laços físicos que é o cordão umbilical e na mesma hora já estamos enlaçados pelos braços de nossa mãe...e do nosso pai. E logo vem o pai e a mãe do pai e a mãe e o pai da mãe, e ganhamos um colinho dos avós, um laço dos mais lindos e significativos para nós como netos e para nós como avós, se pudermos ter a felicidade dessa experiência.
Chegam os tios e as tias e vamos nos amarrando neles. Poderia elencar todos os meus tios e tias pelo lado da mãe e pelo lado do pai. Pelo lado da mãe eram mais. E tinha até uns casos interessantes como o da Tia Maria, irmã do meu Pai, que era casada com o Tio Vilson, irmão da minha mãe. E o Tio Nelson que se casou com a tia Emília que era irmã da tia Linda e esta se casou com meu tio Dito, irmão de minha mãe. Aí a gente embaraçava mais ainda nos laços de consideração e afeto.
Quanto aos irmãos, melhor ainda, porque os laços fraternos e os nós não tão fraternos São uma coisa só, se fazem e se desfazem e se fazem novamente porque são para toda vida. Como é bom dizer: é meu irmão, é minha irmã...Tanto que filho único sente falta da bela experiência de ter um irmão.
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No emaranhado da vida temos os primos e primas! Não dá nem para explicar essa relação primária : não é irmão mas é como se fosse, não é só um amigo, é muito mais, traz uma sensação de pertença, de cumplicidade, de ser "da mesma raça “ como dizia minha avó. Ai que delícia ter um monte de primos, brincar, brigar, ficar de mal mas ter que voltar a fazer as pazes porque afinal é nosso parente, é família.
Os nossos sobrinhos vão esticando a fita e, quando se casam, acrescentam mais sobrinhos e mais sobrinhos-netos, todos pendurados na rede familiar. Sem falar nos cunhados, cunhadas, sogras, sogros, onde é que tudo isso vai parar? Nossos pais vão em busca de padrinhos para casar e, também, para criar ou fortalecer laços fortes, buscam compadres e comadres que chamamos de padrinhos e madrinhas, paizinhos e mãezinhas, no sentido literal.
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Lembro dos meus padrinhos e madrinhas: Júlio e Maria Bertipaglia, Alzira e Gregório, com esses eu convivi mais, tomava a bença e os chamava de padrinho e madrinha e minha mãe os tratava de comadre e compadre. E a comadre “Arbina” Bertipaglia junto com a comadre Maria Alves, madrinhas do meu irmão. Minha tia Ercilia era também a comadre Ercilia porque minha mãe era madrinha da prima Lindinalva. E foi madrinha da minha sobrinha Valéria, filha de minha irmã da qual eu também sou comadre. A tia Lola era madrinha de um monte de sobrinhos. Também tinha a comadre Mariquinha del Vechi, de Colorado, e a comadre Luiza de Porecatu, madrinhas de minhas irmãs, consideradas parentes pela nossa família .
Enfim, são laços afetivos de nossa vida que ficarão para sempre. Ao longo da estrada esses laços se fortalecem, nós os temos como referências de família; às vezes os laços apertam, outras libertam, outras ainda se rompem temporariamente ou para sempre, mas na lembrança sempre existirão.
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Os laços de amizade - ah, esses laços - são uma história à parte, nascem espontaneamente e naturalmente se fazem, se apertam, se ligam, se conectam, se estranham, se amarram, na maioria das vezes para toda a vida...ou então não são verdadeiros, desfazendo-se com o tempo ou com a falta dele.
Junto aos amigos vem os amigos dos amigos e seus filhos, que já nascem inseridos nos laços de amizade dos pais. Temos ainda os vizinhos, os colegas de trabalho ou de escola, as pessoas da comunidade. Fortalecer nossos laços familiares e de amizade faz bem e enfeitam a existência humana. Porque a vida é uma conexão de sangue, de afinidades, de simpatia, de amor. Um emaranhado desorganizado, às vezes cheio de nós, porém, com amor, cuidado e paciência, toda essa convivência pode se desenrolar em paz e se enlaçar num mesmo ramalhete que faz florescer a alegria de viver...
Estela Maria Ferreira, leitora da FOLHA
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