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EVENTOS 5m de leitura

Pandemia ameaça a realização de grandes festivais em Londrina

Festival Internacional de Música que seria realizado em julho será adiado, agendas do Filo e do Festival de Dança seguem indefinidas

ATUALIZAÇÃO
18 de abril de 2020

Marcos Roman - Grupo Folha
AUTOR

O isolamento social e a crise financeira causados pela pandemia do novo coronavírus ameaçam a realização dos maiores festivais que acontecem anualmente em Londrina. A 40ª edição do Festival Internacional de Música (FIML) que seria realizada no mês de julho foi adiada sem a definição de uma nova data. Agendada para o mês de agosto, a 51ª edição do Festival Internacional de Londrina (Filo) ainda não foi confirmada. A mesma indefinição atinge o Festival de Dança, que tem agendada para o mês de outro a sua 18ª edição.

'O Carnaval dos Animais', com regência do maestro americano GlennBlock foi um grande sucesso no Festival de Música no ano passado
 

Diretor artístico do FIML, o pianista Marco Antonio Almeira informa que diante da pandemia a 40ª edição do evento que seria realizado em julho teve que ser adiada e a nova data para a realização do evento ainda é um grande ponto de interrogação. “Pensou-se em realizar o festival contornando o aniversário de Londrina, em dezembro. Mas trata-se de evento educativo, um evento de formação. Então a gente precisa de espaços para programar os quase 50 cursos que oferecemos. E aí entra em conflito com o calendário escolar como, por exemplo, o do Colégio Estadual Hugo Simas, que tem sido o QG do festival nos últimos anos. A nova data do FIML deve ser definida pela Associação de Amigos do Festival de Música de Londrina e pela comissão diretiva do evento em uma reunião que deve acontecer no segundo semestre”, afirma.

Marco Antonio Almeida, diretor artístico do FIML: "A pandemia causa uma falência tremenda na cidade, como a falta do festival, que recebe cerca de mil alunos, 50 professores e um público  30 a 40 mil pessoas"
 

Almeida lamenta o adiamento do evento. “A pandemia causa uma falência tremenda na cidade, como a falta do festival, que recebe cerca de mil alunos, 50 professores e um público ouvinte de 30 a 40 mil pessoas nos 70 eventos que a gente promove. Este ano seriam mais eventos ainda porque a gente pretende através do Profice [Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura] levar o festival para outras cinco cidades do interior do Brasil. É um baque financeiro muito grande para a cidade, pois isso tudo movimenta cerca de R$ 1 milhão por semana, incluindo compras em shoppings, transporte, hospedagem, alimentação”, aponta.

Filo em stand by

A crise causada pela pandemia de Covid-19 também afetou a organização da 51ª edição do Festival Internacional de Londrina (Filo). “O impacto é muito grande. Neste momento tudo é uma grande incógnita. A organização de um grande evento necessariamente precisa de muito tempo e muitos trâmites junto a possíveis patrocinadores, parceiros e apoiadores.  Todas essas ações, neste momento, estão suspensas”, informa Luiz Bertipaglia coordenador do evento.

 

 Ele relata que o Filo 2020 estava agendado para acontecer de 15 a 30 de agosto. “Estamos com o Teatro Ouro Verde reservado para esse período. O planejado seria realizar uma edição com aproximadamente 20 atrações nacionais e internacionais. Mas neste momento o que há é uma grande indefinição, pois não depende somente da organização do evento. Temos que esperar. Imagino que os eventos serão um dos últimos setores a terem suas atividades retomadas”, avalia.

Bertipaglia, afirma que a realização do Filo neste ano ainda é incerta. “Até o momento ainda não houve essa definição. Estamos aguardando um pouco mais para tomar essa decisão. Como o período de realização do festival está marcado para agosto, ainda não sabemos se será possível”, ressalta.

A coreografia do caos

Agendada para acontecer entre os dias 1º e 11 de outubro, a 18ª edição do Festival de Dança também corre o risco de não ser devido à pandemia do novo coronavírus. “A pandemia nos impacta, pois não temos mais a certeza se poderá haver trânsito dos grupos dentro do país e menos ainda de companhias vindas de fora, com segurança e proteção para todos. E disso não abrimos mão. Outro fator é a instabilidade financeira, que afeta todos os setores, portanto também não temos mais a certeza de alcançar os fundos que seriam necessários para manter a programação que o Festival, com quase duas décadas de existência, e a cidade merecem”, afirma Danieli Pereira, coordenadora geral do evento.

 

 Apesar das incertezas, ela afirma os organizadores pretendem realizar o festival mesmo que para isso algumas adaptações tenham que ser feitas. “Ainda que seja necessário algum ajuste com relação ao período de realização, a quantidade de dias ocupados pelo evento na cidade ou a readequação de espaços físicos das apresentações. A invenção de novos mundos e o olhar atento para o que precisa ser transformado sempre foi e continuará sendo a essência do nosso ofício. Portanto, estamos dispostos a reinventar inclusive nosso formato para que o evento continue alcançando o público e fortalecendo a cena artística e humana”, destaca.

 

Danieli enfatiza que a meta é alcançar em 2020 o mesmo nível de qualidade do festival realizado no ano passado. “Na edição de 2019, tivemos a presença de artistas e grupos de seis estados brasileiros e de quatro países estrangeiros. Foi uma edição histórica e pretendíamos manter o nível dessa programação para 2020. Almejamos também abrir o edital de chamamento para grupos nacionais e internacionais – as contratações são uma forma de contribuir para suas sobrevivências e para a retomada dos processos artísticos. Já temos como garantia o patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), que mais uma vez – e como nunca – se coloca como fundamental para que o evento”, enfatiza ao salientar que nas últimas edições o festival vinha alcançando um público entre 20 e 30 mil pessoas e que 60% do patrocínio do evento fica investido na cidade na forma de contratação de serviços, impactando diretamente na economia local.

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