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Orquestra 'Sanfônica' de Londrina pode resgatar raízes da cidade

Grupo faz aulas de sanfona e o objetivo é formar uma orquestra com o instrumento popular; projeto conta com apoio do Promic

ATUALIZAÇÃO
24 de fevereiro de 2023

Walkiria Vieira
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Orquestra 'Sanfônica' de Londrina pode resgatar raízes da cidade

Pode chamar de sanfona ou acordeon - até de gaita, pois foi assim que o instrumento, tão difundido na região Sul do Brasil, se popularizou por lá. Em apresentações solo ou  coletivas, a vibração é inconfundível. Em Londrina, uma oficina de sanfonas segue com atividades e tem como objetivo principal formar a primeira orquestra sanfônica da cidade. 

A ideia de oferecer aulas partiu da londrinense e produtora cultural Maria Inez Gomes e , com aprovação de seu projeto por meio do Promic - Programa Municipal de Incentivo à Cultura, 15 alunos começaram a aprender a tocar o instrumento gratuitamente. As aulas são realizadas no Museu Histórico de Londrina, que gentilmente cedeu o espaço. "Não há mais vagas e há fila de espera", relata Gomes. "Houve muita procura". 

O segurança aposentado Reinaldo Santini é um dos integrantes da oficina e, embora expresse que está um pouco encabulado, a vontade de dominar o equipamento supera a timidez. "Eu tive uma experiência dos 12 aos 15 anos, mas depois que meus pais venderam o instrumento, larguei mão e nunca mais tive contato", revela.

Santini conta que ficou viúvo recentemente. Para driblar os novos sentimentos e a ociosidade, decidiu comprar um acordeon e considera que a iniciativa foi um divisor de águas em sua jornada. "Estou me sentindo renovado e tenho vontade de tocar Luar do Sertão, Telefone Mudo", cita. Estou conciliando os movimentos da mão esquerda, direita e essa é também uma forma de conhecer mais pessoas e dividir as experiências", comenta. 

A biomédica Tathiane Estevam fez a inscrição para as oficinas motivada pelas tradições da família. Ao empunhar a Honer Tango IV com suas alças de couro, demonstra muito respeito também ao bisavô de seu marido, que faleceu em agosto de 2022, aos 90 anos, e deixou a sanfona totalmente conservada " Ele seguia tocando e atraindo a atenção para si com a sua música. Ter a sanfona como nossa herança foi um passo importante para eu estar aqui no curso e considero que essa seja uma forma de valorizar a arte e também os costumes da família", divide. 

INICIANTES E EXPERIENTES

Responsável por ministrar as oficinas semanalmente, o músico Alexandre Garcia de Oliveira, conhecido no meio artístico por Arrigo, explica que os alunos se dividem entre os que nunca manusearam a sanfona, mas a admiram. Há aqueles que possuem noções mas por diferentes circunstâncias se distanciaram da arte. E por último os que já sabem, mas querem aprender mais e ainda dividir conhecimento. "Acaba sendo uma troca muito rica", expõe Arrigo.

O professor pondera que não se trata de um instrumento tão simples para iniciar do zero. "Mas o interesse motiva". A característica que aproxima a sanfona das raízes interioranas é uma das qualidades destacadas pelo mestre. Em nossa cidade, o instrumento tornou-se verdadeiro patrimônio por meio da professora Evelina Grandis, considerada a pioneira do acordeon", enaltece.

Integrante da banda Terra Celta, Arrigo segue uma trajetória de sucesso com o seu acordeon e não faltam a ele admiradores de seu trabalho. "Ao contrário do violão, não é um instrumento tão popular e acessível e também é pesado", observa. Mas as adversidades se recolhem perante a robustez da sanfona. Seu som ainda ressoa. Nas oficinas, rodas de sanfona, shows  Brasil afora e nos cantos em que os ouvidos não alcançam, mas uma sanfona deixa as pessoas mais felizes. 

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