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Economia 5m de leitura

Londrina cai para 33º lugar entre cidades inteligentes

Quinta edição de ranking aponta resultados piores no município ante concorrentes acima de 500 mil habitantes principalmente em educação e meio ambiente

ATUALIZAÇÃO
23 de setembro de 2019

Fabio Galiotto - Grupo Folha
AUTOR

Em Londrina, Eixos Meio Ambiente e Educação são os que mais carecem de melhorias, aponta estudo
 

Londrina caiu da 25ª para a 33ª colocação entre os 666 municípios com mais de 50 mil habitantes do País, na quinta edição do Connected Smart Cities (Cidades Inteligentes e Conectadas em inglês), divulgado na terça-feira (17) pela Urban Systems. A comparação dos rankings de 2018 e 2019 registra a segunda queda consecutiva da cidade, que ficou em 23ª em 2017 e 45ª em 2016. Os principais motivos são os reflexos do cenário econômico e uma avaliação mais negativa em educação e meio ambiente do que concorrentes com número semelhante de habitantes. 

A iniciativa visa identificar quais são as cidades com maior potencial para investimentos, com base em 11 indicadores que vão desde segurança a tecnologia e inovação. Curitiba, que no ano passado estava em primeiro lugar, ficou em terceiro neste ano. Campinas (SP) ficou na liderança, seguida por São Paulo. Completam os dez primeiros Brasília (DF) e São Caetano (SP), Santos (SP), Florianópolis (SC), Vitória (ES), Blumenau (SC) e Jundiaí (SP).

O diretor de marketing da Urban Systems e pesquisador responsável pelo ranking, Willian Rigon, afirma que o estudo é colaborativo e inteligente, o que também impacta no posicionamento dos municípios. Isso porque há inclusão ou substituição de quesitos analisados. Foram adicionados seis quesitos a esta edição. “Outro fator é econômico, porque envolve o empreendedorismo, a tecnologia e inovação, para impactar em eixos como investimentos em educação, urbanismo e saúde, por exemplo.”

São 11 indicadores principais usados para retratar a inteligência, a conexão e sustentabilidade de cada cidade. Cada um desses eixos é dividido em outros tópicos. Por exemplo, Mobilidade e Acessibilidade depende de notas em Automóveis por Habitantes, Idade Média da Frota, Ônibus por Automóveis, Outros Modais de Transporte (massa), Ciclovias, Conexões Rodoviárias entre estados, Destino Aeroviários, e Percentual de veículos de baixa emissão. 

Porém, um mesmo item pode ser relacionado a mais de um indicador. O percentual de veículos de baixa emissão entra na nota de Mobilidade e Acessibilidade, de Meio Ambiente e de Economia. E, como Londrina não ficou entre as cem melhores em cinco dos 11 indicadores principais, a Urban Systems divulgou apenas seis notas (veja mais no infográfico).

Rigon avalia que Londrina precisa melhorar, principalmente, nos eixos Meio Ambiente e Educação.  “O resultado de saneamento é inferior ao que precisaria e tem reflexo no indicador de Saúde, de bem-estar e de economia. Na Educação, nesta edição passamos a dar um peso maior para a responsabilidade sobre o ensino público, sem pensar no privado. E é o ensino que gera inovação e empreendedorismo”, conta o pesquisador. 

Dentro da questão ambiental, Londrina poderia melhorar em Tratamento de Esgoto (90,1%), Recuperação de Recicláveis (4,7%), Cobertura de Coleta de Resíduos (97,4%) e Resíduos Plásticos Recuperados (6,23%). Em Educação, é preciso melhorar os investimentos na formação até o nono ano, aumentar a média de horas-aula e reduzir a quantidade de alunos por turma, para ter melhores resultados em avaliações nacionais. 

Para o responsável pelo estudo, é preciso que o gestor municipal tenha visão estratégica de que as mudanças não ocorrem de uma gestão para outra, o que torna necessário preparar o terreno para avanços estruturais. “Mas não apenas. É preciso envolver vários atores, porque não é obrigação somente do Poder Público de pensar a cidade. Devem envolver-se as ONGs, a academia e o setor privado”, cita Rigon.

O diretor de Ciência e Tecnologia da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Fabian Bordon Trelha, acredita que a cidade passa por um momento favorável na atração de investimentos e no debate sobre um futuro mais promissor e de mais recursos para políticas públicas. Ele exemplifica com a instalação do Tecnocentro, que está em construção e reunirá laboratórios, incubadora e serviços de apoio. 

O local servirá como base para pesquisas e para o fomento do ecossistema de inovação, com intercâmbio entre os cinco setores considerados estratégicos para o desenvolvimento do município, que são agronegócio, químico e de materiais, eletrometalmecânico, TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) e saúde. “Temos também a liberação de R$ 2 milhões em recursos, pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, para a compra de equipamentos para um laboratório de alimentos, que ficará no Tecnocentro e será ponto central para a nossa política de inovação”, conta Trelha.

Para o diretor na Codel, Londrina sempre teve grande participação popular, com iniciativas como o Fórum Desenvolve Londrina e o Observatório de Gestão Pública de Londrina. Ele cita o atual debate sobre masterplan, ou planejamento estratégico para o desenvolvimento, que saiu do papel depois de anos. “Vivemos um momento importante. Temos investimentos e empregos que aparecerão nos próximos relatórios, como a Tata, que gerou mais de 500 vagas desde 2018, e a vinda da J. Macêdo, que montará um complexo industrial em Londrina”, completa Trelha.

 

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