Sagu não é sobremesa. Você concorda? Ou não? Aliás, pouca gente sabe o que, verdadeiramente, é o tal do sagu. Fécula extraída do interior esponjoso de algumas plantas, é utilizada como alimento – e como sobremesa – em diferentes lugares do planeta. Aqui no Brasil, o formato mais comum e popular é o extraído da mandioca, originalmente chamado pelos índios de tapioca, mas, batizado pelos colonizadores portugueses de sagu, porque a goma extraída pelos indígenas era muito parecida à iguaria que eles conheciam como tal.

Vamos descrever com mais detalhes: a goma umedecida na água é passada por uma peneira de tecido grosso e, com o movimento de vai e vem em círculos, a goma se transforma em bolinhas, que serão colocadas num tacho com temperatura controlada e, depois, resfriadas. Aí é só cozinhar, que elas amolecem e ficam transparentes. Por isso, tem muita gente que utiliza com o vinho tinto. E, na grande maioria das vezes, a preferência é pelo suave. Por isso, costumo brincar com a pessoa que gosta do vinho bem docinho que ela vá fazer sagu, numa referência à dita sobremesa.

Sagu: receitas com vinho tinto são comuns, mas há muitas variações
Sagu: receitas com vinho tinto são comuns, mas há muitas variações | Foto: iStock
Sagu: receitas com vinho tinto são comuns, mas há muitas variações
Sagu: receitas com vinho tinto são comuns, mas há muitas variações | Foto: iStock

As diferentes plantas que podem fornecer o sagu são conhecidas como sagueiros ou saguzeiros, podendo ser desde uma palmeira até uma planta ornamental. Dessas, países como Nova Guiné, Brunei, Indonésia, Malásia, Reino Unido, Nova Zelândia, Índia, Filipinas, Taiwan e Hong Kong utilizam o alimento de alguma forma. Uns com receitas próprias, outros para engrossar alguns pratos. Tem também pudins feitos com o sagu, assim como pães, peixes com essa mistura e até coalhada. Há lugares que fazer o bubble tea com o sagu. O universo do sagu é grande e nos abre uma série de possibilidades que eu, particularmente, desconhecia por completo até começar a escrever estas linhas.

No meu caso, que não considero o sagu uma sobremesa digna de ser alçada à mesa após as refeições, talvez seja um preconceito infundado cristalizado sobre a falta de boas experiências com este ingrediente. Para mim, sobremesa tem que ter chocolate, leite condensado, sorvete e por aí vai. Mas, lendo sobre o assunto, deu vontade de experimentar pratos indianos como kheer, khichadi, vade, preparados com o sagu, ou o taho, uma espécie de coalhada filipina seca de leite de soja, servida com sagu cozido e calda de caramelo, iguaria que pode ser encontrada nas barraquinhas de rua.

Viu como tem muitas opções? Sem contar receitas como papeda, pampek e ambuyat, que vêm da Nov Guiné, de Brunei e da Indonésia. Por enquanto, continuo dispensando o sagu como sobremesa. Até alguém me convencer do contrário. E isso só será feito me convidando para degustar alguma iguaria feita com sagu!