Os queijos da Estrada de Ferro
No Rancho Beira Rio, na Serra da Mantiqueira, a produção de queijos dá origem a produtos premiados em concursos nacionais e internacionais
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
No Rancho Beira Rio, na Serra da Mantiqueira, a produção de queijos dá origem a produtos premiados em concursos nacionais e internacionais
Fábio Luporni/ Especial para a FOLHA
O som do vai e vem de trens e de passageiros deu lugar à movimentação de turistas no quilômetro 50 da antiga Estrada de Ferro, em Itanhandu, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. No local, está o Rancho Beira Rio, de onde o casal Leandro e Lu produzem alguns dos queijos mais deliciosos e mais premiados da localidade. São quatro tipos diferentes, todos vencedores de medalhas em concursos internacionais pelo Brasil. Na Expedição à Mantiqueira, viagem organizada pelo amigo Filipe de Castro, esse foi um dos principais pontos de parada.
Ao chegarmos ao rancho, fomos recebidos por esse casal mineiro que morou muito tempo no Rio de Janeiro e que produz queijos finos maturados a partir de leite cru desde 2018, quando nasceu o primeiro filho e resolveram voltar para a Serra da Mantiqueira. Desde então, passaram a produzir queijo, inclusive com leite dos vizinhos criadores de rebanho da raça Jersey. Hoje são cerca de 600 litros de leite por dia, o que possibilita produzir, em média, 60 kg de queijo diariamente, dependendo do tipo e das condições, podendo variar um pouco.
No tour, uma mostra de como o leite se transforma no queijo. Visitamos até a cave, uma espécie de adega, onde estão guardados os exemplares do queijo Estação em processo de maturação. À mesa, um verdadeiro banquete nos esperava, com os quatro tipos de queijo, além do creme de queijo e da manteiga, tudo produzido por eles, mas, também, itens como geleias, doce de leite, café e cachaça artesanal para o grupo degustar.
Para o meu paladar, o mais gostoso foi, de fato, o Estação. Um queijo premiadíssimo, com medalha de ouro no concurso de Araxá e de prata no Queijo Brasil. Mais maturado, é inspirado nos queijos parmesão e granas italianos. Fiz questão de trazer alguns pedaços e vou degustando com um vinhozinho de vez em quando. Totalmente diferente é o Geada, também premiado com a prata no Queijo Brasil e no Mundial em São Paulo. Inspirado no francês camembert, tem maturação de 20 dias e adição do fungo branco, que produz a capa em volta do queijo. Delicioso!
Experimentamos também o Sereno, que levou a prata no Mundial, ideal para o dia a dia. O queijo é feito com massa semi cozida, curado na tábua de madeira por 14 dias. Mas, o carro chefe da Queijaria 50 é o Brisa, o mais premiado de todos, com ouro em Araxá e prata no Queijo Brasil e no Mundial. O exemplar é autoral, leva fungo branco e matura por 20 dias. Excelente escolha também. Fora os queijos, o casal produz manteiga e um creme de queijo, tipo um foundue, feito com a mistura do Estação, um queijo mais maturado, com o Sereno, que é mais fresco. Simplesmente divino!
Não preciso nem dizer que saí da visita direto para a academia? Talvez eu tenha feito uma parada para jantar ou para degustar um pouco mais de queijo, que conto na próxima coluna!