A princípio, era uma maneira muito eficaz de espantar o frio. Principalmente na Itália, origem desta bebida. Os soldados, por exemplo, aqueciam-se com ela durante o inverno. Aqui no Brasil, os imigrantes italianos do Rio Grande do Sul, quando se levantavam de madrugada para o trabalho na roça, misturavam um pouquinho no café e, assim, ficavam quentinhos para enfrentar as baixas temperaturas. Pouco a pouco, entretanto, a grapa, feita do bagaço da uva e antes produzida sem qualquer preocupação com a qualidade, ganhou fama e hoje é considerada um dos mais famosos e luxuosos destilados italianos.

Os primeiros registros de um destilado a partir da uva são de 511 depois de Cristo. Entretanto, a produção para o consumo veio somente no ano 1000. O nome é uma herança das palavras rapa e grapa, como o bagaço da uva era conhecido, respectivamente, no Piemonte e na Lombardia. Afinal, era do norte o costume de se produzir o destilado, que pode ter entre 37% e 60% de teor alcoólico e variar entre sensações de aspereza, daquelas que queimam a garganta quando engolidas, até um paladar mais macio e aveludado. Tudo depende da qualidade da matéria-prima e do método.

A grapa vai bem com um cafezinho
A grapa vai bem com um cafezinho | Foto: Pixabay

Eu já havia experimentado a grapa, mas, foi agora, recentemente, no Rio Grande do Sul, que pude degustá-la com um conhecimento maior sobre a bebida. E isso faz toda a diferença! Clarinha, ela pode ser dividida em três grupos. Um deles é uma mistura, um blend, quando é resultado de diferentes e diversos tipos de uva. Ao contrário, pode ser um varietal, ou seja, a partir de apenas um tipo da fruta. E, por fim, invecchiata, isto é, envelhecida em barris de carvalho, que dão uma coloração mais escura e um paladar mais amadeirado.

Você já experimentou a grapa? Aqui em nossa região não é comum encontrar o produto. Confesso que, aliás, nunca vi em lugar algum. Não sei se porque não se vende por aqui ou se porque eu realmente nunca procurei. De qualquer forma, não é hábito meu tomar a grapa com frequência. Mesmo assim, trouxe de Gramado um exemplar. E, de vez em quando, misturo no cafezinho. É que ainda estamos no verão e, talvez, a melhor época para bebê-la seja o inverno. A receita é simples: para dois terços de café, um é de grapa. E funciona. Além de já bater o teor do álcool, esquenta bastante.

Existem ainda outros destilados feitos a partir da uva: brandy e cognac, por exemplo. Mas, a lista vai além: Pisco (Peru e Chile) e Singani (Bolívia). Em outros países, a grapa ganha outros nomes: Orujo (Espanha), Marc (França) e Bagaceira (Portugal). Não importa como chamá-la. Vale experimentar, ao menos uma vez na vida!