André Cuba Flausino com os pais: "Tendo a vacina, ainda vamos ter as restrições, mas ficaremos mais tranquilos", diz Adélia Flausino
André Cuba Flausino com os pais: "Tendo a vacina, ainda vamos ter as restrições, mas ficaremos mais tranquilos", diz Adélia Flausino | Foto: Arquivo Pessoal

Em entrevista à FOLHA recentemente, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, citou a possibilidade de a imunização contra Covid-19 para o grupo de pessoas com comorbidades em Londrina ser iniciada na segunda semana de maio. Segundo o plano estadual de vacinação, pessoas com Síndrome de Down, com doença renal crônica e gestantes e puérperas serão vacinadas independentemente da idade, enquanto a vacinação daquelas com comorbidades ou deficiência permanente severa, nesse primeiro momento, alcançará apenas aqueles que têm entre 55 e 59 anos.

A expectativa se dá pelo envio de uma nova remessa dos imunizantes ao Paraná nesta segunda-feira As 391.500 doses da Covishield, da Universidade de Oxford/AstraZeneca/Fiocruz, segundo a Sesa (secretaria estadual de Saúde) serão utilizadas em pessoas com comorbidade, gestantes, puérperas e pessoas com deficiência permanente, além de idosos.

ANSIEDADE

Logo após o anúncio da inclusão de pessoas com Síndrome de Down no grupo prioritário da vacinação, a APS Down (Associação de Pais e Amigos de Portadores de Síndrome de Down) em Londrina, passou receber muitas ligações de famílias em busca de informações. “A vacina é muito importante para que todos adquiram proteção. As famílias já estão fazendo o cadastro e estamos orientando sobre a necessidade de ter o exame cariótipo em mãos para comprovar a condição”, diz a diretora da entidade, Idalina Marques.

Ela cita que muitas famílias estão ansiosas com a chegada deste momento e reforça que é preciso manter a calma e buscar as informações corretas. “Como entidade, nossa expectativa é de possamos enxergar em breve um retorno do trabalho presencial. No ensino regular já é difícil trabalhar remotamente, imagine para a educação especial”, comenta.

Na casa de Leonardo de Faria Ferreira, 26, a ansiedade para o momento da vacina é grande. A mãe Marlene conta que nunca descuidou das vacinas do filho com Síndrome de Down. Ela se lembra, por exemplo, que antes dele ser imunizado contra pneumonia, foram 19 internamentos desde o nascimento.

“A saúde dele melhorou bastante e é esse mesmo efeito que eu espero com a vacina contra Covid. Logo que fiquei sabendo que ele entraria no grupo da vacinação, corri para cadastrar e agora estamos esperando o grande momento. Essa tempestade da pandemia há de passar. Sei que vai levar um tempo ainda, mas ela vai passar”, desabafa.

A mesma expectativa vem tomando conta da família de André Cuba Flausino, 32. Ele frequenta a APS Down há seis anos e a mãe conta o quanto a rotina da casa mudou com a pandemia. “Não somos muito de sair até porque eu, meu marido e minha irmã, que mora conosco, somos do grupo de risco também, mas a gente vê que o quanto faz falta o contato social e o estímulo que o André tinha ao frequentar a APS. Tendo a vacina, ainda vamos ter as restrições, mas com certeza ficaremos mais tranquilos”, diz Adélia Flausino.

Ela acrescenta que o sentimento de alívio substitui a apreensão que muitas famílias de pessoas com Down sofreram desde o início da vacinação contra Covid. “Não se falava nas pessoas com síndrome de Down e sabemos da vulnerabilidade deles. Estava complicado imaginar que eles não estavam entre os prioritários. Agora, não vemos a hora desse momento chegar”, ressalta.

Imagem ilustrativa da imagem Síndrome de Down: expectativa pela vacina em Londrina
| Foto: Divulgação/APS Down

DEZ VEZES MAIS MORTAL

Um estudo com mais de quatro mil pessoas, publicado em outubro de 2020 pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e divulgado pela revista Science, mostra que a Covid-19 é 10 vezes mais mortal em pessoas com Síndrome de Down.

O alerta é da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, que traz no site oficial mais detalhes sobre a importância da imunização deste público. A entidade afirma que as diversas alterações do sistema imunológico conferem a essas pessoas, maior suscetibilidade a infecções e doenças autoimunes. Além da deficiência intelectual, os indivíduos podem apresentar alterações como obesidade, alterações auditivas, cardíacas (40% a 50%), endocrinológicas, apneia obstrutiva do sono, entre outras.

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