Morando no assentamento Eli Vive há 12 anos, sendo oito na brigada quatro, Reginalva dos Santos Silva esperava terminar 2021 com a prometida melhoria na estrada que passa pela localidade finalizada. “Já fomos enganados muitos anos com essa história de fazer a estrada e não acreditamos mais. Estamos preocupados e pedimos socorro”, desabafou a agricultora, que com os demais moradores terão que esperar ainda mais para o caminho, finalmente, contar com a mínima condição de passagem.

Nesta semana, a Prefeitura de Londrina formalizou a rescisão do contrato com a empresa que havia vencido a licitação para a pavimentação com pedras poliédricas de 11 quilômetros da estrada rural que liga o Eli Vive até o distrito de Irerê e da Estrada da Usina, perto do Apucaraninha, ambas na região sul. O município ainda multou a empresa, que tem sede em Olinda (PE), em quase R$ 1 milhão, valor que corresponde a 30% do montante do contrato. Além disso, está proibida de formar novos vínculos com a administração municipal por dois anos.

A ordem autorizando os serviços havia sido assinada pelo prefeito Marcelo Belinati em agosto do ano passado, com direito à cerimônia com a presença de várias autoridades para divulgar o feito na prefeitura. A previsão era de 15 meses de intervenções, o que venceria em janeiro do ano que vem. Entretanto, em mais de um ano, praticamente nada do que estava estabelecido no contrato foi cumprido.

De acordo com o secretário municipal de Gestão Pública, Fábio Cavazotti, foram promovidas reuniões com representantes da empresa para contornar o problema, entretanto, não surtiram efeito. “A empresa alegou a pandemia de coronavírus, com dificuldade de conseguir insumo, e demos um prazo. Passado o período não evoluiu nada e dissemos que iríamos rescindir. Fizemos uma nova reunião, pediram mais uma chance, concedemos. Passamos por isso praticamente seis meses e no sétimo mês constatamos a inexistência de evolução da obra. Não restou outra alternativa.”

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ALTERNATIVAS

A verba para a instalação das pedras irregulares e outras intervenções era de R$ 3,1 milhões, dinheiro vindo de um convênio firmado entre a prefeitura e o Governo do Estado. A expectativa da secretaria municipal de Agricultura é encaminhar para a Gestão Pública, ainda este mês, os documentos para um novo processo licitatório. “Estamos fazendo uma nova planilha e vamos fazer a licitação para contratar outra empresa e dar prosseguimento à obra. Vamos pedir para que o momento que estiver tudo certo, que consiga gestão adiantar a licitação. Esperamos ter isso certo ainda este ano”, garantiu o responsável pela pasta, Regis Choucino.

“Lamentamos para a população da região o fato de a empresa não ter cumprido o contrato. Estávamos preparados, com recurso, fizemos licitação, contratamos a empresa, mas tivemos que fazer valer a aplicação das penalidades. Fomos até o limite e não cumpriram o contrato. Não víamos luz no fim do túnel”, argumentou Fábio Cavazotti.

ILHADOS

O Eli Vive é composto por mais de 500 famílias, somando aproximadamente cinco mil pessoas. A estrada até Lerroville é o principal caminho para terem acesso a mercearias, padarias e vir para Londrina. “Da minha casa até onde o ônibus passa tenho que andar quatro quilômetros a pé para ir para a escola. Na sexta-feira (1º) passada não consegui estudar por causa da chuva. Começaram a fazer a estrada, mas as máquinas saíram. Quando chove ficamos isolados”, relatou Reginalva Silva, que é aluna da EJA (Educação de Jovens e Adultos).

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