A bicicleta é o principal meio de transporte do estudante e professor de natação Atilio Felipe Olegini da Silva desde 2018. Diariamente ele pedala, em média, de quatro a seis quilômetros para se deslocar entre a casa, o trabalho e a faculdade. “Como sempre fui ativo, nunca tive problemas para me adaptar ou andar pela cidade. No percurso que faço não tenho problemas com as ciclovias, contudo, as rampas de acessibilidade são bem mal projetadas”, pontuou.

Para ciclista ouvido pela reportagem, é  preciso aumentar a infraestrutura em todas as regiões, fazer a conexão das várias ciclovias existentes e ter campanhas de conscientização para a população
Para ciclista ouvido pela reportagem, é preciso aumentar a infraestrutura em todas as regiões, fazer a conexão das várias ciclovias existentes e ter campanhas de conscientização para a população | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Assim como Silva, cerca de oito mil londrinenses usam a bicicleta todos os dias para se deslocar pela cidade. São pessoas que encontram trechos com ciclovias, no entanto, também se deparam com outros pontos onde não existem as faixas exclusivas. Levantamento feito pela FOLHA, a partir de dados disponibilizados pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), mostra que 38,6 quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas foram executados nos últimos dez anos, dos 50,5 quilômetros existentes atualmente.

A proposta do instituto é para que o município tenha uma rede com 318 quilômetros de vias específicas para quem utiliza bicicleta, quantidade sugerida após pesquisas e confirmada pelo Plano de Mobilidade Urbana. Entretanto, segundo cálculo feito pela reportagem, mantendo ritmo da última década, Londrina demoraria cerca de 70 anos para completar a ideia do próprio Ippul, órgão da prefeitura responsável pelo gerenciamento do desenvolvimento urbano. Na avaliação do geógrafo Fábio da Cunha, os números estão “relacionados à vontade política de fazer investimentos” nessa área.

“Londrina demorou muito para perceber a necessidade de se investir no modal cicloviário como forma de otimizar a mobilidade urbana. Nesta última gestão estamos vendo avanços nas construções e revitalizações de ciclovias e ciclofaixas, mas ainda é preciso investir mais”, advertiu Cunha, que também é docente associado do departamento de Geociências da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Florianópolis (SC), por exemplo, que tem uma população de 516 mil habitantes, tem 150 quilômetros de mapa cicloviário, porém, com várias rotas que não se interligam.

O especialista ainda afirmou que um dos principais problemas da atual estrutura de ciclovias na cidade é a falta de conectividade, o que gera outros transtornos. “A UEL vem realizando pesquisas que apontam áreas mais perigosas e o que seria uma infraestrutura básica prioritária que daria início a essa rede integrada e mais segura. Por exemplo, não temos ainda uma ciclovia que ligue o centro da cidade à UEL via avenida Castelo Branco, uma avenida com canteiro central favorável a receber essa infraestrutura”, citou.

FORMAS DE IMPLANTAÇÃO

De acordo com o Ippul, as ciclovias ou ciclofaixas são implantadas a partir de três frentes: com recursos próprios do poder público; vazios urbanos em que o loteador é obrigado a construir por força de lei, aprovada em 2012; ou polos geradores de tráfego, em que o empresário apresenta o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) e por meio dele o município pode indicar, dependendo do caso, a necessidade de espaços para ciclistas.

PRIORIDADE

Secretário municipal de Planejamento, Marcelo Canhada defendeu que 40% das ciclovias de Londrina foram executadas nos últimos cinco anos e que as obras que estão sendo feitas focam nos transportes alternativos. “Todos os novos projetos possíveis tecnicamente vão contar com ciclovia e vamos continuar apostando nisso. A disponibilidade de novas ciclovias é uma das prioridades da atual administração, já que é uma forma de transporte importante, tem a questão do lazer e esporte” elencou.

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Até o final do ano está prevista a idealização de mais faixas exclusivas a este público, como na avenida Harry Prochet, que vai integrar o “circuito pé-vermelho de ciclismo”, que vai contar com 25 quilômetros de ciclovias no trecho urbano. “Fizemos ciclovia na avenida Faria Lima, uma outra ligando a Saul Elkind até a Tiradentes, na avenida dos Pioneiros. Está indo para licitação a ciclovia na avenida Guilherme de Almeida. Na avenida Giocondo Maturi o projeto está em fase final”, ressaltou.

Uma das vias que vai ganhar uma ciclovia de 450 metros nos próximos meses é a rua José Giroldo, na zona sul, como mostrou a FOLHA recentemente. O Plano de Mobilidade Urbana definiu as prioridades de modal cicloviário para os próximos cinco, dez e quinze anos. Uma das demandas identificadas pelo plano para curto prazo é a ligação da estrada da Perobinha até a PR-445, na zona norte.

PONTOS ESSENCIAIS

Para o professor Fábio da Cunha, Londrina precisa melhorar três pontos essenciais nesta temática. “Aumentar a infraestrutura cicloviária em todas as regiões da cidade, lembrando que a bicicleta não é só para o lazer, mas para o trabalho e estudo também. Fazer, com urgência, a conexão das várias ciclovias e ciclofaixas existentes, formando uma única rede cicloviária e não fragmentos espalhados pela cidade. Ter campanhas de conscientização da população mostrando que é saudável, mas também seguro, andar de bicicleta em Londrina”, sugeriu.

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