Entre 2010 e o ano passado foram registrados 3.221 sinistros envolvendo ciclistas em Londrina, ou seja, são ocorrências acidentais ou que foram provocadas de maneira intencional. As informações foram colhidas pelo geógrafo Matheus Oliveira Martins da Silva e fizeram parte da dissertação “Conflitos políticos e físicos no transporte por bicicleta em Londrina/PR”, defendida por ele no mestrado do programa de pós-graduação em Geografia da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

Pesquisador ressalta que estudos comprovam que uma boa rede cicloviária e atrativa e impulsiona o número de ciclistas
Pesquisador ressalta que estudos comprovam que uma boa rede cicloviária e atrativa e impulsiona o número de ciclistas | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

A pesquisa ainda identificou oito pontos da cidade com alta densidade de ocorrências com ciclistas, em que aparecem com maior predominância as zonas central e sul. Entre as localidades estão a região da avenida Saul Elkind, Tiradentes e Winston Churchill. Alguns pontos contam com rede cicloviária. “Foi possível identificar que apenas 4,5% do sistema viário de Londrina conta com infraestrutura cicloviária. Para chegar nos números foram utilizadas legislações e manuais, seja de ordem federal, estadual ou municipal”, explicou.

Das mais de três mil ocorrências, 1.947 foram classificadas com ferimentos leves; 1.123 com machucados graves e 80 não informaram a condição. “Desde 2017 realizo pesquisas na área e a temática segue a linha de investigação do que foi planejado e o que vem sendo executado em relação à infraestrutura cicloviária. É um tema que emerge no mundo inteiro e que me motivou pelo fato de já estar acompanhando os ciclistas de perto em suas reivindicações e utilizar a pesquisa enquanto meio de promoção e divulgação da temática”, destacou.

Na visão de Silva, Londrina tem ciclovias sem continuidade e manutenção. “Entende-se que a rede cicloviária vem sendo majoritariamente expandida por demanda e não por planejamento. Por exemplo, os recursos privados do EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) e loteamentos, por mais que sejam uma boa alternativa para compensação dos empreendimentos, ao mesmo tempo contribuem para a falta de conexão e continuidade da rede, tendo em vista que são expandidas de forma desordenada”, constatou.

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Com a bicicleta sendo um meio de transporte econômico e sustentável, o geógrafo frisou que que os municípios, inclusive Londrina, não podem entregar obras que privilegiem, na maioria das vezes, apenas os automóveis. “São inúmeras obras entregues e com problemas graves no que se diz respeito à mobilidade ativa. Pesquisas no mundo todo comprovam que uma boa rede cicloviária é atrativa e impulsiona o número de ciclistas. Portanto, é necessário estabelecer uma boa execução do que é planejado e não depender apenas de demandas, além de promover uma mudança cultural”, refletiu.

Após cinco anos pesquisando este tema em Londrina, Matheus Silve pretende estudar os aspectos culturais em relação à bicicleta, porém, em outra cidade.

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