Não é novidade que a questão das ciclovias e ciclofaixas é uma demanda reprimida não só em Londrina, mas em boa parte do País. A FOLHA conversou sobre os planos para a cidade com a engenheira civil Cristiane Biazzono, gerente de projetos viários do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina). Ela cita que a proposta do Instituto para o município é de uma rede cicloviária de 318 quilômetros dentro de 15 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Ippul planeja rede cicloviária ideal de Londrina em 15 anos
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Desde que esse projeto passou a ser discutido dentro do Plano de Mobilidade Urbana, há cerca de cinco anos, foram entregues 42 quilômetros de ciclovias e outros oito estão em execução em quatro importantes avenidas que estão sendo adaptadas para a implantação do sistema SuperBus. “A expectativa é de terminar mais 50 quilômetros nos próximos cinco anos. Os 318 quilômetros é o que pretendemos ter no total para oferecer uma rede abrangente e interconectada, considerando o porte do município e o traçado bem distribuído”, afirma.

Dentre as avenidas apontadas pela população como prioritárias para a implantação de ciclovias estão a J.K, Higienópolis, Leste-Oeste, Dez de Dezembro e Duque de Caxias. Locais que, segundo Biazzono, também estão no planejamento do Ippul.

“É muito bom ter um retorno da atenção para esses modos de deslocamento que são saudáveis e de baixa custo para aquisição, no caso, as bicicletas. A prefeitura, através do Ippul e da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) tem buscado formas de ampliar essa mobilidade, mas isso depende de recursos estaduais, federais", observa,

Biazzono relata ainda que há as medidas mitigadoras de impacto de vizinhança impostas a polos geradores. "A avenida Europa tem uma ciclovia pela presença de uma universidade no entorno. Na avenida das Laranjeiras, um loteamento que está sendo construído já deverá ter no projeto um trecho de ciclovia. Essa questão dos loteamentos que devem entregar ciclovias ou ciclofaixas tem, inclusive, força de uma lei federal que trata sobre mobilidade urbana”, acrescenta.

Os trechos com proposta para novas ciclovias foram citados por estudos feitos pelo Ippul e pela empresa que vem desenvolvendo o Plano de Mobilidade para Londrina. Sobre esses levantamentos, Biazzono cita uma diferença de dados. Na pesquisa que o Ippul fez em 2013 com 1.600 entrevistas, chegou-se à estimativa de circulação na cidade por bicicleta de 4% na matriz modal, ou seja, entre todos os tipos de transporte utilizados no município.

“Com a pesquisa expandida realizada pela empresa que está trabalhando no Plano de Mobilidade, chegamos a valores menores. Os ciclistas não participam de mais de 1,1%, isto é, são cerca de nove mil viagens dentro das 823 mil viagens feitas por dia em Londrina, considerando percursos de mais de 500 metros”, aponta. A pesquisa de origem e destino foi realizada em 2019 com aproximadamente 10 mil entrevistados.

Biazzono atribui a diferença pela amostra ser maior e pelo fato de que muitos londrinenses optam pela motocicleta como primeira alternativa ao transporte coletivo. “Nosso intuito é que o modal bicicleta chegue a 8% das viagens. Significaria que para a gente atrair essa demanda, obviamente, precisamos ofertar uma ciclovia interconectada e abrangente em toda cidade e que tenha locais estratégicos para os ciclistas estacionarem as bicicletas”, pontua.