Pausa no passeio para tirar fotos e escutar a “princesa negra”. Nos corredores do Londrina Mais, evento organizado pela Secretaria Municipal de Educação de Londrina, a personagem inspirada no livro "Princesas Negras", das autoras Ariane Celestino Meireles e Edileuza Penha de Souza, incorporada pela professora Almerita de Paula, ganhava a atenção dos pequenos aprendizes. Mais do que ‘conectar’ os estudantes com o universo das histórias infantis, a presença da princesa negra vem ao encontro do tema do evento, que nesta edição de 2022 é “gente”.

Rodeada pelos alunos, a personagem dizia que ela não precisava de uma coroa e nem de um príncipe para ser princesa e que seu cabelo é macio, exuberante e lindo. “Como professora da educação infantil, percebo que as crianças negras e pardas têm dificuldades na construção da identidade e o cabelo implica nisso, nessa construção. Nos espaços escolares, o cabelo das meninas e meninos negros ainda é algo que está vinculado a um sofrimento e a ideia da ‘princesa negra’ é justamente reforçar que eles precisam se reconhecer como pessoas com potencialidades”, explica Paula.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina Mais: escolas focam no ensino das emoções e na diversidade
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

RESPEITO ÀS PESSOAS

Sob os lemas “Educação para a transformação” e “Escola como espaço de cura”, as escolas municipais e entidades parceiras têm a oportunidade de expor os trabalhos desenvolvidos em sala de aula. O evento acontece nesta quinta (20), sexta (21) e sábado (22), no Parque Ney Braga (zona oeste) e deve receber cerca de 15 mil pessoas, de todas as idades. Também serão realizadas palestras, mostra de hortas escolares, contação de histórias, práticas de esportes de aventuras e várias outras atividades interativas.

“Quando lançamos o tema do Londrina Mais na rede, em março deste ano, vários assuntos surgiram, inclusive a pauta da diversidade e do respeito às pessoas e, hoje estamos vendo trabalhos que valorizam gente que migra, gente que lê, gente que trabalha, gente que não sabe ler, gente que ensina, gente que transforma. Essa é a temática”, comenta a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes.

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CRIANÇAS IMIGRANTES

Na zona oeste da cidade, as crianças que frequentam o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Clemilde de Martini L. dos Santos, puderam conhecer um pouco mais sobre o Haiti. “Temos bastante crianças imigrantes e, apesar de trabalharmos sempre com pautas de diversidade, a presença delas ali foi uma forma de explorarmos mais esse país”, conta a professora Meirielle Esteli.

Ao longo do semestre, as crianças aprenderam sobre as vestimentas, as danças e outros costumes, incluindo a culinária. Na turma da professora Vanessa Gonçalves, a mãe de um aluno haitiano foi convidada a preparar um prato típico em sala de aula. “Essa proposta aproximou muito mais o aluno das outras crianças porque ele passou a se sentir mais seguro e pertencente ao CMEI. Esse trabalho trouxe uma imensidão para eles”, diz Gonçalves.

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A LÍNGUA DAS EMOÇÕES

Além da diversidade e respeito às pessoas, as emoções também ganharam holofotes nas salas de aula, com o retorno presencial dos alunos no pós-pandemia. Ao visitar os 125 estandes do Londrina Mais é possível perceber que cada escola buscou “falar a língua” das emoções de forma criativa.

A secretária municipal de Educação destaca que “nomear as emoções é muito poderoso. A gente percebeu a necessidade de trabalhar também este tema, muito em razão do retorno às aulas presenciais e pela percepção que a gente tinha em relação à saúde mental de todo mundo. Todos ficaram muito abalados, perdemos pessoas próximas e sofremos muitas restrições por conta da pandemia”.

Um dos projetos que vem despertando bastante a atenção dos estudantes é da Gerência de Educação Especial, da secretaria de Educação. A equipe criou o Circuito das Emoções, por onde as crianças passavam pela fase do medo, da raiva e no final, da alegria.

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“A questão emocional se fez muito presente nas escolas e, sem saber nomear as emoções, as crianças acabam se expressando de outras formas como choro excessivo, queda no rendimento escolar, comportamento inadequado. Por isso que é importante saber nomeá-las”, comenta a psicóloga da rede municipal de ensino, Damares Estefânia da Silva.

POTES DA INSPIRAÇÃO

Na escola municipal Nair Auzi Cordeiro, que fica na zona norte da cidade, o livro “O Monstro das Cores” foi o ponto de partida para os professores trabalharem com um mural das emoções e também com os “Potes da Inspiração”.

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No estande do apoio pedagógico de Arte, da SME, as emoções foram despertadas com trabalhos manuais, como explica a professora Laura Célia S. Cabral Cava. “Durante a pandemia, começamos a trabalhar vídeos de arte para que os alunos da rede municipal produzissem em casa. Nossa inspiração foram alguns artistas como Ernesto Neto e Clarice Borian. A arte mexe com a nossa alma e faz com que as crianças coloquem o medo, a ansiedade e a angústia para fora. Foi um trabalho que trouxe muito retorno às escolas, aos professores, alunos e também às famílias”, conta.

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SERVIÇO: A programação completa do evento está disponível no site oficial do Londrina Mais.

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