Uma jovem de 24 anos faleceu por suspeita de dengue nesta terça-feira (10), no HU (Hospital Universitário), para onde foi levada depois de passar por diversas unidades de saúde em Londrina. Nathalia Soares Moreto teria dado entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim do Sol (oeste) na tarde de sexta-feira (6). No decorrer dos dias, ela passou por mais três unidades de saúde, em duas foi medicada e liberada até sofrer forte queda de pressão no último atendimento e ser encaminhada ao hospital, segundo informações da família. A jovem já teve chikungunya em 2016. A família conta que o atestado de óbito descreve morte por dengue D e reclama de negligência no atendimento. A prefeitura está investigando o caso.

Imagem ilustrativa da imagem Jovem de 24 anos morre por suspeita de dengue em Londrina
| Foto: Cadu Rolim /Fotoarena/Folhapress

"Minha filha sentiu febre e dor no corpo na sexta-feira e foi, por volta das 15h, na UPA do Jardim do Sol. Ela estava sozinha, tinha deixado a filha de 4 anos com a bisavó e ficou preocupada, porque ela só foi atendida só depois das 18h e precisava buscar a menina. Por isso, ela não esperou colher sangue para os exames, que disseram que também poderia demorar mais algumas horas”, relata o pai, Marcos Antônio Moreto, 49. A jovem era filha única, morava com os pais e a filha no jardim Itapoá, na zona norte.

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Nesse primeiro atendimento, a jovem teria passado por medicação e recomendações para seguir tratamento em casa. Ela passou o sábado em casa conforme as orientações, mas veio a sentir novos sintomas, como pressão baixa e ânsia de vômito, no domingo (8). “Eu pensei que, indo direto à UPA, não seríamos atendidos com emergência, então eu liguei para o Samu, às 23h. Eles avisaram que só tinham uma viatura e chegaram por volta das 2h40, sem auxiliar, só o motorista. Nos levaram para a UPA do jardim Sabará (oeste)”, acrescenta o pai.

Marcos conta que eles chegaram por volta das 3h na unidade e foram atendidos às 5h. Na ocasião, o médico pediu o eletrocardiograma e orientou a suspensão dos medicamentos prescritos no atendimento anterior. “Ele falou que ela estava com gastrite, passou nova medicação e mandou ela para casa”, afirma. Na manhã de segunda-feira (9), por volta das 11h, a jovem teria sofrido fortes quedas de pressão. “Levei para o Hospital Zona Norte. Eram picos, a pressão caía e retornava, e na triagem a pressão dela estava normalizada, por isso, o médico falou que não era caso de urgência e fez o encaminhamento para uma UBS (Unidade Básica de Saúde) ou UPA”, comenta.

Na manhã de terça-feira (10), a jovem buscou atendimento na UBS do Maria Cecília (norte), acompanhada da avó. “Lá ela passou muito mal, a pressão caiu muito. Quem atendeu foi o pediatra, que era o médico de plantão, e chamaram o Samu para dar suporte, porque eles não tinham como atendê-la lá”, relata. A jovem foi novamente medicada, mas dentro da ambulância teve convulsão. “Quando ela chegou no hospital, teve parada cardíaca e morreu, foi por volta das 11h30”, lamenta o pai.

CULPA

A família comenta que o atestado de óbito apresenta uma série de ocorrências e que tem a dengue como conclusão. “Fala o que houve com ela, aponta hemorragia, mas o final do laudo apresenta dengue D. Então ela morreu disso”, afirma o pai. Ele relata que já suspeitavam da doença, por conta da epidemia na cidade.

No último boletim apresentado pela secretaria municipal de Saúde, divulgado na quinta-feira (5), a cidade tinha registrado 5.786 casos da doença neste ano, com 9.530 notificações e 825 em análise. A região norte é a que tinha maior número de notificações (2.734), justamente onde a família vive. “Eu penso que muitas vezes a gente pede mais da prefeitura, mas não tem como a prefeitura passar de casa em casa limpando. Essa epidemia ocorre por culpa da população”, alerta Marcos.

Sobre os atendimentos, o pai lamenta que o histórico da filha tenha sido menosprezado, considerando que ela já teve doença causada pelo mosquito Aedes aegypti. “Acredito que eles deveriam ter se aprofundado mais, deixado em observação”, comenta. “Ela é filha única, muito grudada com a mãe, ainda não caiu a ficha... Perder uma filha assim, para um mosquito ainda”, emociona-se.

O pai pede mais atenção para que casos assim não ocorram mais, tanto por parte do poder público, para evitar a propagação do mosquito e oferecer atendimento de qualidade, quanto da população. “As autoridades deveriam dar mais atenção. Eu sei que tem muita gente, um médico para cuidar de muitos, mas que façam os atendimentos certinhos. E a população que pare de jogar lixo por aí. Hoje aconteceu com a minha filha, amanhã pode ser a filha do meu vizinho.”

APURAÇÃO

A prefeitura está apurando as informações sobre o caso e confirma que ela teria sido atendida nas UPA em duas ocasiões na semana passada. As informações oficiais também apontam que a mulher teria sido atendida no Hospital Zona Norte e na UBS do Maria Cecília, unidade responsável por chamar o Samu para encaminhá-la ao HU. Como o caso precisa ser analisado, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, avisa que vai comentar a situação em coletiva à imprensa na quinta-feira (12).

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