Imagem ilustrativa da imagem HU de Londrina alerta para aumento de gestantes internadas com Covid-19
| Foto: Marco Antonio Corbanez / HU Londrina

Com o avanço da vacinação de idosos, a redução das aglomerações em espaços religiosos e a suspensão das atividades em grupos de terceira idade, profissionais de saúde têm observado uma mudança no perfil dos pacientes internados com Covid-19. A maior distribuição do vírus em faixas etárias mais jovens é uma realidade e preocupa o sistema de saúde. Entre esse público, as gestantes contaminadas pelo novo coronavírus fizeram levantar o alerta no HU (Hospital Universitário) de Londrina. O número de grávidas contaminadas vem crescendo e elevando também a incidência de partos prematuros.

O hospital não tem dados estatísticos dos casos de gestantes hospitalizadas com suspeita ou confirmação de contaminação pelo novo coronavírus, mas em sua rotina de trabalho os profissionais do HU perceberam o aumento. São mulheres entre 25 e 35 anos de idade que, mesmo sem apresentar doenças pré-existentes, quando grávidas entram para o grupo de risco em razão da queda natural da imunidade, que facilita o contágio, e de outras situações que acometem as gestantes e que funcionam como comorbidades, como hipertensão arterial e diabetes gestacional. “Sem contar que, no final da gestação, quando há um aumento do volume abdominal, a gestante pode ter dificuldade respiratória. A falta de oxigenação devido à Covid pode levar a uma menor circulação placentária e desenvolver asfixia fetal”, explicou a diretora clínica do HU e plantonista da UTI pediátrica do hospital, Luiza Kazuko Moriya.

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A asfixia fetal pode desencadear a ruptura da placenta e levar a mãe a ter um parto prematuro. “É um dilema grande para o obstetra. Se aguarda amadurecer o bebê ou se faz a cesárea para salvar a criança. São duas vidas em jogo. É uma escolha muito difícil”, disse Moriya.

Luiza Kazuko Moriya, diretora clínica do HU: “É um dilema grande para o obstetra. Se aguarda amadurecer o bebê ou se faz a cesárea para salvar a criança. São duas vidas em jogo”
Luiza Kazuko Moriya, diretora clínica do HU: “É um dilema grande para o obstetra. Se aguarda amadurecer o bebê ou se faz a cesárea para salvar a criança. São duas vidas em jogo” | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

‘MUITO ASSUSTADOR’

O HU é unidade de referência para 97 municípios da macrorregião norte, uma área de abrangência com dois milhões de habitantes. Pacientes com agravamento do quadro de infecção respiratória são transferidos para a instituição. Nos últimos dias, destacou a diretora clínica, muitas gestantes em estado grave têm dado entrada no hospital. “Está muito assustador pela evolução dos casos. (A gestante) Pode ter uma evolução muito desfavorável e o bebê também. Isso, quando não são gemelares. Se os gemelares nascem muito prematuros, não sobrevivem e, se sobrevivem, é às custas de muito tempo de UTI, com risco grande de óbito e de sequelas. A doença é uma ameaça a mais. Corre-se o risco de evoluírem para óbito a mãe e as crianças”, alertou a diretora clínica do HU.

Além do risco à vida da mãe e do bebê, Moriya teme pelo colapso na estrutura de atendimento do hospital. Nesta quinta-feira (15), a direção do HU faria uma reunião para discutir a adequação dos espaços para receber essa nova população. O hospital é referência para gravidez de alto risco, mas com o avanço da Covid entre as gestantes, a rotina de atendimento foi alterada. Além da mãe, o bebê também precisa ser mantido em isolamento até que seja descartada a infecção pelo novo coronavírus.

No HU, bebês prematuros de mães contaminadas pela Covid-19 não vão para a UTI neonatal. Eles ficam internados na UTI pediátrica, em isolamento, até que saia o resultado do swab e o painel viral, feito em Curitiba, o que pode demorar entre cinco e sete dias. Não há estudos que comprovem a transmissão vertical da Covid, mas o hospital adotou essa medida por precaução. “Se o bebê nasce com insuficiência respiratória e a mãe tem Covid, não podemos deixar de investigar o bebê. Até que saia o resultado, pelo isolamento necessário, são vagas a menos na UTI pediátrica e a chance de nascer outro bebê com a mesma necessidade é alta. Se aumentar muito a incidência, não sei onde vamos por tantos bebês em isolamento”, disse Moriya.

APELO

A diretora clínica faz um apelo à população mais jovem e, especialmente, às grávidas para que cuidem da prevenção. Manter o isolamento social, higienizar as mãos com álcool gel e usar máscara quando for necessário sair de casa são cuidados fundamentais. “Tem grávidas indo ao supermercado, em shopping, para comprar o enxoval do bebê. A população não está se dando conta de que tem que se cuidar. Ainda não acabou a pandemia e a mãe tem responsabilidade sobre a vida do bebê.”

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