Faz mais de um ano que toda a comunidade escolar tem se reinventado para driblar a pandemia de coronavírus que esvaziou as escolas e transformou a rotina de alunos e professores. Entre os desafios, um dos mais difíceis tem sido manter o vínculo entre escola e comunidade, já que a comunicação com as famílias ficou bastante limitada. Mas esse obstáculo o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Laura Verginia de Carvalho Ribeiro, no jardim Sabará 3 (zona oeste de Londrina), vem driblando com o projeto de uma horta cultivada nos fundos da escola. Uma iniciativa que se fortaleceu durante a pandemia e tem gerado bons frutos.

A FOLHA acompanhou o início do projeto da horta “Espaço Vida Saudável” em 2020:  iniciativa ser fortaleceu e tem gerado bons frutos
A FOLHA acompanhou o início do projeto da horta “Espaço Vida Saudável” em 2020: iniciativa ser fortaleceu e tem gerado bons frutos | Foto: Micaela Orikasa - Grupo FOLHA

A FOLHA acompanhou o início do projeto da horta “Espaço Vida Saudável” em 2020 e um ano depois a diretora Mirna de Cássia Guilherme Gentile fala sobre esse aprendizado. “Todos aqui da escola aprenderam a cuidar da horta porque através dela a gente tem conseguido levar carinho para as crianças e ajudar as famílias com os alimentos. Durante a pandemia, nossa maior lição tem sido a solidariedade. Estamos todos inseridos em um momento delicado e a horta tem sido uma forma de compartilhar boas energias e mostrar que seguimos aqui”, comenta.

Imagem ilustrativa da imagem Horta escolar: bons frutos para toda a comunidade em Londrina
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

A horta começou como um projeto pedagógico de sustentabilidade e que, diante da pandemia, extrapolou os muros da escola. “Uma mãe de aluno veio nos pedir ajuda com algum alimento e isso nos mobilizou. A estrutura já estava pronta e a gente não podia deixá-la parada. Foi assim que passamos a mantê-la com objetivo social”, diz.

A cada colheita, uma "feirinha" é organizada no portão da escola e os pais de alunos são comunicados por mensagens pelo WhatsApp. “A maioria dos nossos alunos é de famílias bastante impactadas pela pandemia. Aqui eles encontram frutas, hortaliças e ervas aromáticas fresquinhas para completar as refeições, a sobremesa ou mesmo fazer chás”, conta. Atualmente, o CMEI tem 240 crianças matriculadas, de 0 a 6 anos.

Para a diretora, além do alimento saudável, a horta escolar cumpre um papel muito importante que é aproximar a escola da vida das famílias. “Muitos vêm buscar os produtos com os filhos e é uma forma de a gente dar uma olhadinha naquela criança e de ela entender também que a escola é importante na vida dela”, ressalta.

Imagem ilustrativa da imagem Horta escolar: bons frutos para toda a comunidade em Londrina
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INCENTIVO

O projeto do CMEI Laura Verginia é acompanhado de perto pelo engenheiro agrônomo Paulo Roberto Guilherme, da secretaria municipal de Educação. Ele conta que a procura por implantar hortas escolares aumentou no último ano. Ele cita que um questionário aplicado no mês de abril com 121 unidades escolares de Londrina mostrou que a maioria, cerca de 100 delas, está interessada em implantar o projeto. Atualmente, a cidade conta com 23 hortas escolares, algumas em fase inicial de estruturação.

Durante a pandemia, nossa maior lição tem sido a solidariedade. Estamos todos inseridos em um momento delicado e a horta tem sido uma forma de compartilhar boas energias e mostrar que seguimos aqui”, comenta a diretora Mirna de Cássia Guilherme Gentile
Durante a pandemia, nossa maior lição tem sido a solidariedade. Estamos todos inseridos em um momento delicado e a horta tem sido uma forma de compartilhar boas energias e mostrar que seguimos aqui”, comenta a diretora Mirna de Cássia Guilherme Gentile | Foto: Micaela Orikasa - Grupo FOLHA

“Acho que a pandemia tem mudado o olhar das escolas, especialmente naquelas que trabalham com crianças pequenas. Acredito que no retorno das aulas presenciais, as atividades ao ar livre serão priorizadas e a horta tem muito a contribuir. Ela envolve o estudo de Ciências, do meio ambiente, reciclagem de nutrientes, biologia e educação alimentar”, afirma.

A experiência que o engenheiro agrônomo tem tido com as hortas escolares o permite destacar que elas fomentam também a criação de hortas comunitárias e caseiras. “As pessoas acabam percebendo um espaço no quintal que pode ser aproveitado. Além de poder gerar uma renda extra para as famílias em tempos de pandemia, mexer com a terra é uma terapia”, diz.

É justamente essa terapia que tem ajudado a auxiliar de limpeza do CMEI, Neuza Rosa dos Santos, a lidar com o vazio da escola. “O segredo de uma boa horta é estar dentro dela. Aqui na escola eu sempre arrumo um tempinho para mexer nela, ver se falta água, terra. É algo que me acalma e me dá muito prazer”, comenta.

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