Colocada para ser símbolo de conhecimento, a “geladoteca” do jardim Bandeirantes, na zona oeste de Londrina, acabou se tornando o retrato da falta de respeito. A geladeira que guardava livros foi depredada nos últimos dias, ficando com as portas destruídas. O equipamento, deixado na praça principal do bairro, na avenida Serra da Esperança, foi alvo de uma tentativa de furto e vandalismo.

A geladeira depredada deve ser substituída por outra: proposta é que o morador troque ou pegue um livro, faça a leitura e depois devolva
A geladeira depredada deve ser substituída por outra: proposta é que o morador troque ou pegue um livro, faça a leitura e depois devolva | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Foram os próprios vizinhos que viram algumas pessoas tentando carregar a geladeira para um carro e começaram gritar, evitando que fosse levado. Mesmo assim, não tem mais condição de uso. “Sentimento é de tristeza”, resumiu Thiago Martinez, presidente da Sabbi (Sociedade dos Amigos dos Bairros Bandeirantes e Industrial) e idealizador da iniciativa.

Segundo Martinez, ele implementou o projeto há cerca de um ano e meio, depois que viu uma proposta igual em outra cidade, durante uma viagem. “Resolvi trazer para o bairro. Tinha uma geladeira em casa que não estava funcionando. Fizemos a arrecadação de livros e começamos a primeira ‘geladoteca’. A ideia inicial era montarmos uma biblioteca comunitária para o bairro, mas a questão do custo nos levou a fazer a ‘geladoteca”, relatou.

No início deste ano, a associação colocou outras geladeiras na praça ao lado da Paróquia Santo Antônio de Pádua, no entanto, os aparelhos com os livros foram levados por criminosos duas vezes. Os atos deixaram os moradores revoltados. “É algo importante para a comunidade, que cuida com muito carinho, mas tem gente que não poupa nada e se aproveita para querer se dar bem a qualquer custo”, lamentou a dona de casa Maria Silva.

A concepção da “geladoteca” é de que a pessoa possa trocar um livro que já tenha por outro à disposição nas prateleiras ou simplesmente pegar, fazer a leitura e depois devolver. Entre as obras que ficavam no lugar estavam títulos infantis, didáticos, relacionados ao direito e também de cunho religioso, entre outros. “As pessoas gostaram da ideia. Toda a vez que íamos trocar os livros víamos que eram livros novos, que não eram os mesmos que tínhamos deixado”, destacou Thiago Martinez.

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EXPANSÃO

A geladeira remanescente deverá ser retirada da praça do Bandeirantes nesta semana. Mesmo com os aborrecimentos, a Sabbi pretende dar continuidade ao projeto e, inclusive, expandir. Novas geladeiras foram arrecadadas e a expectativa é de que sejam instaladas nos próximos dias nas praças da Serra da Esperança, da igreja e dos Expedicionários, que fica na Vila Industrial. Antes, os equipamentos serão adesivados e receberão algumas indicações chamando para a consciência.

ESPERANÇA

O próprio nome de um dos locais onde será recolocado o objeto mostra o pensamento positivo para que não voltem a vandalizar e sim fazer o bom uso dos livros. “Não perdermos a esperança. A ideia é ter a troca de conhecimento. O projeto foi surpreendente, pois, percebia o uso das pessoas, pegavam um livro e sentavam na praça para ler. A nossa proposta é ainda levar para outros bairros que queiram fazer parceria para ter a troca de conhecimento na própria cidade”, comentou o presidente da associação.

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