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Cadernos Especiais 5m de leitura

Um novo Ouro Verde para Londrina

ATUALIZAÇÃO
26 de julho de 2017

Viviani Costa<br>Reportagem Local
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Sob aplausos e gritos de protesto, o Teatro Ouro Verde foi reaberto nesta sexta-feira (30) em Londrina. Enquanto músicos se preparavam para a apresentação de estreia do novo palco, centenas de policiais e grades cercavam o teatro para impedir a entrada de manifestantes. Apenas convidados puderam participar da cerimônia. Para o violinista Fernando Godinho, integrante da orquestra Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel) há 27 anos, "voltar ao Ouro Verde é como retornar para casa". "Vínhamos aqui todos os dias. Isso me faz recordar grandes concertos", contou emocionado.

Inaugurado em 1952, no auge da cafeicultura em Londrina, o então Cine Ouro Verde era um imóvel particular dos fazendeiros Celso Garcia Cid, João Santoro e Ângelo Pesarini. Em 1978, o espaço projetado por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, foi adquirido pelo governo do Estado e repassado à UEL. O Cine Teatro Universitário Ouro Verde foi palco de inúmeras apresentações culturais que marcaram a história da cidade, muitas delas realizadas durante o Festival Internacional de Música de Londrina e na programação do Filo (Festival Internacional de Londrina).

Durante a solenidade, o governador Beto Richa anunciou autorização para a contratação de 15 servidores para o Ouro Verde



O imóvel foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Paraná no ano 2000. Doze anos depois, o público lamentou a destruição do teatro em razão de um curto-circuito. Aquela tarde de domingo, no dia 12 de fevereiro, mobilizou toda a comunidade artística que apenas acompanhou do lado de fora a ação dos bombeiros. Na ocasião, o diretor do Filo, Luiz Bertipaglia, chorou ao lado de produtores culturais. "O sentimento era de consternação. Estávamos perdendo um patrimônio da cidade. Espero que essa obra agora possa reavivar a cultura em Londrina", comentou.

As obras de restauro começaram em janeiro de 2014 e custaram, aproximadamente, R$ 17 milhões. A modernização do teatro, respeitando as características arquitetônicas originais, conta agora com estruturas antichamas, além de novos equipamentos de som e iluminação. Ao todo, 726 poltronas foram recolocadas no Ouro Verde. A partir deste sábado (1º), o teatro reabre também para o público. Maria Madalena de Souza era bilheteira no teatro e estava ansiosa para retornar ao Ouro Verde. "Não via a hora. Estava contando os dias. Amanhã (sábado) já começo a distribuir ingressos e a vida volta ao normal. Para mim é muito gratificante estar aqui", disse.



MANIFESTAÇÃO
A falta de profissionais no quadro de funcionários da UEL, o impasse em relação a obrigatoriedade de implantação do sistema Meta 4 na universidade e a restrição da cerimônia apenas aos convidados foram alvo de críticas pelos manifestantes que gritaram palavras de ordem contra o governo. A grande quantidade de policiais também chamou a atenção de quem passou pelo local. "O Ouro Verde deveria ser reaberto para toda a população, mas o que vemos é isso aqui", disse o professor, apontando para o cordão de isolamento. "A única vez que vi algo parecido foi no 29 de abril", completou.

A reitora da UEL, Berenice Quinzani Jordão, encarou os protestos com naturalidade. "Nós estamos passando por um momento de muitas dificuldades no ensino superior. Não está sendo possível um diálogo a contento. Continuamos na batalha e é até interessante que o governador perceba que expectativa tem a comunidade universitária", declarou. O governador Beto Richa disse não ter se intimidado com a manifestação. "Nessas manifestações o que eles exigem é conflitante com o interesse dos paranaenses. Posso garantir que o nosso governo e a sociedade paranaense jamais ficará refém de sindicatos por motivação de baderna e arruaça no Estado do Paraná", afirmou. Durante a solenidade, o governador assinou autorização para a contratação de 15 servidores para o Ouro Verde.

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