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Avenida Paraná 5m de leitura

Esperança venezuelana

ATUALIZAÇÃO
27 de junho de 2017

Paulo Briguet
AUTOR

O pesadelo socialista parece não ter fim na Venezuela. Na última quarta-feira, 21 de junho, morreu a 75ª vítima da repressão desde que se iniciou a onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro. O estudante David José Vallenilla, 22 anos, foi morto a tiros por integrantes da Guarda Nacional Bolivariana, a SS chavista. O crime foi registrado em vídeo.

Por uma incrível ironia do destino, o pai de David Vallenilla foi chefe de Nicolás Maduro quando este trabalhava como motorista de ônibus no transporte público em Caracas. Disse o homem, em prantos:

— Nicolás, você me conhece. Eu fui seu chefe. Você sabe que claramente houve um ataque contra o meu filho, que você conheceu quando ele era uma criança e trabalhávamos na (estação) Praça Venezuela. Ele era um estudante, não era bandido. Por favor, Nicolás, não quero dizer que é assim que a Justiça acontece nesse país. Isso não pode ficar assim.
Dois dias depois, na sexta-feira, o líder oposicionista Leopoldo Lopez, que está preso na penitenciária de Ramo Verde, gritou de sua cela:

— Estão me torturando! Denunciem, denunciem! Lilian, denuncie!

O apelo do preso político pode ser conferido na página de sua esposa Lilian Tintori, na rede social Twitter. Há mais de 80 dias, a ditadura impede que Leopoldo Lopez veja sua família ou sequer fale com seu advogado.

Há cerca de dois meses, publiquei em meu blog a carta de um amigo venezuelano, Jean Moncada, em que ele denuncia a situação caótica da Venezuela e pede ajuda para fugir do país. Em 5 de junho, Jean escreveu: "É importante fazer diferença entre um ‘mau governo’ e o ‘governo do mal’. O problema com o ‘governo’ atual não é a estrutura de administração e do poder político, é um sistema complexo que é implantado em todas as áreas da vida, em nível social, cultural, econômico e até mesmo espiritual, porque seu objetivo é o controle absoluto do homem, até que se anule a sua identidade, sua liberdade, sua vontade própria".

Na missa deste domingo, na Paróquia São Vicente de Paulo, o padre Rafael Solano fez uma prece especial pela Venezuela e registrou a presença de refugiados venezuelanos na igreja. A situação do país sul-americano deve nos servir como alerta. Se não houver um político preso em breve, em breve teremos presos políticos no Brasil. É como disse o próprio Jean Moncada: "Eles querem destruir a democracia para implementar um modelo totalitário criminoso, uma versão horrível do pior que pode representar o comunismo realizado por um grupo de seres do mal".

Felizmente, nem tudo são trevas. Em meio ao pesadelo, há o sonho. No dia 20 de junho, nasceu Albany, segunda filha de Jean Moncada e sua esposa Maria Gladys. Que a imagem da pequena Albany seja o prenúncio de novos tempos para a Venezuela, para o Brasil e para o nosso continente. Temos esperança de que o pesadelo esquerdista chegará ao fim. Se Deus quiser, o Brasil não será uma nova Venezuela, e a Venezuela voltará a ser um país livre.

Fale com o cronista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br

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