Ter sempre um plano B na manga é sinal de insegurança? Nem sempre. Colocado de uma maneira que não afete a própria vida, ter um projeto pode ser uma atividade saudável. É uma forma de se preparar para não ser pego de surpresa ou esboçar projetos que estejam mais de acordo com a sua identidade, mas ele não deve gerar angústias.

Segundo Piscila Sakuma, psicóloga do Núcleo Evoluir, não existe um padrão de comportamento daqueles que criam planos. “Não é uma regra, eu posso ter um plano B porque eu me sinto inseguro na situação em que eu estou; posso acreditar que tudo que eu faço dá errado – e isso seria importante prestar atenção e buscar ajuda – ou ter plano para investir em novos sonhos e conquistas. O principal é pensar os motivos que nos levam a ter um plano B”, afirma.

Sakuma afirma que ter sempre um projeto na gaveta não é natural, mas é comum que a gente sonhe com muitas coisas. “Algumas se concretizam, são colocadas em prática, mas outras ficam na gaveta por mudanças da vida”, exemplifica. Deixar de executar um plano também não significa sempre viver uma frustração, mas se não houver organização ele pode ficar apenas na idealização.

ARREPENDIMENTOS?

Entender os motivos que levam a considerar um novo plano de vida a ponto de abrir mão do que se tem hoje faz parte desse processo de autoconhecimento, o que aumenta as chances de acerto. “Depois a gente pode considerar a fazer pesquisas, aprender, estudar, buscar novos conhecimentos sobre aquilo que quero fazer”, ensina a psicóloga. Com isso, se tem uma ideia melhor sobre os investimentos necessários e estilo de vida que terá que levar para executá-lo. “Talvez eu tenha que abrir mão de algumas vantagens que tenho hoje e ter algum sacrifício para que se concretize”, afirma.

ILUSÃO

Quem nunca ouviu a frase: “faça o que você ama e nunca terá de trabalhar”? É um estímulo, mas é preciso avaliar muito bem para não cair em armadilhas. “O trabalho que te faz muito feliz vai ter dias difíceis. Haverá dias que você ficará cansado, se aborrecerá, é difícil ficar 100% do tempo feliz e satisfeito, por mais que você tenha um trabalho muito legal ou more em uma casa que você sempre sonhou. Tem dias que você vai estar mais disposto e dias que virão coisas que você não planejou”, comenta.

“Fazer o que eu amo ou amar o que eu faço?” Esta também é uma questão comum. “O ideal seria avaliar os pontos positivos e negativos, se isso tem me feito mais feliz que triste”, afirma. Além de analisar vida, carreira, colocar no papel e buscar novas possibilidades, Sakuma também indica estabelecer metas de curto, médio e longo prazo como processo de avaliação. “Se eu for pensar que quero chegar em um cargo de diretoria, talvez eu precise passar por vários outros cargos”, sugere como alerta aos pontos que precisam ser considerados.

No fim, é importante avaliar o progresso dentro do que se pode alcançar, traçar comparações consigo mesmo, olhar para o passo a passo e analisar onde está caminhando. “Não ficar só em função do futuro, viver o aqui e o agora, nesse momento, senão eu estou trabalhando e isso era algo que eu queria muito, mas fico olhando sempre para o futuro”, finaliza.

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