Isael dos Santos, 54, quis um dia ser militar, mas foi reprovado no exame oftalmológico. “Foi uma decepção”, confessa ele, que agora analisa a situação de maneira mais positiva. A reprovação fez com que ele aprendesse muitos ofícios até chegar ao que é hoje: agente comunitário de saúde. Como ele, muitos brasileiros tiveram que criar planos B, C, D para suprir as necessidades, alguns encontraram sua vocação. Para descobrir como as pessoas se sentem em relação à carreira, a FOLHA saiu às ruas perguntando: se você pudesse ter outra profissão, o que faria?

Andresa Rocha: "Seria confeiteira, como sou hoje"
Andresa Rocha: "Seria confeiteira, como sou hoje" | Foto: Lais Taine

“Seria confeiteira, como eu sou hoje”, responde Andresa Rocha, 41, com sorriso no rosto. Ela conseguiu botar em prática o que um dia foi o seu plano B. Formada em pedagogia - porque sonhava ser professora - , ela mudou de carreira por perceber que não era o que queria. “Fui trabalhar em um pet shop da família e financeiramente me sentia mais realizada”, conta.

Rocha decidiu largar o trabalho com os pets após a chegada dos filhos. Para não ficar parada, em casa, começou a cozinhar para parentes e amigos - um plano B para as circunstâncias. “Eu sempre gostei de cozinhar, veio dos meus pais”, comenta.

Reconhecendo o talento, há dois anos dedica-se aos estudos de confeitaria e atualmente trabalha produzindo e vendendo doces. “Hoje é meu plano A. É a vantagem de executar algo que eu gosto em uma área que eu vejo que está crescendo, as pessoas consomem, e também me sinto realizada em satisfazer o outro”, finaliza.

Isael dos Santos: aprendizado de muitos ofícios
Isael dos Santos: aprendizado de muitos ofícios | Foto: Lais Taine

É a mesma satisfação que sente o agente do início deste texto. Ele, que já trabalhou na roça, na construção civil, comércio, empresa de ônibus e até funerária, sente-se agraciado por ter tido a oportunidade de aprender. “Hoje eu sei fazer muitas coisas e isso foi uma vantagem, se eu tivesse conquistado meu sonho como militar, eu seria só aquilo e mais nada”, confessa.

Entre muitas profissões, planejou ser agente comunitário de saúde após passar por tratamento em um posto de saúde. “Eu conversei lá, vi como era, estudei para passar no concurso e depois que entrei vi que era muito bom poder ajudar as pessoas”, sorri.

NA GAVETA

Érika Dias: sonho de trabalhar com marketing
Érika Dias: sonho de trabalhar com marketing | Foto: Lais Taine

Mas nem todo mundo teve essa sorte. Érika Dias, 24, formou-se há um ano no curso de publicidade e propaganda e não conseguiu emprego na área. “Gostaria de exercer minha profissão”, afirma a supervisora de eventos. Para ela, falta oportunidade de acordo com a carreira e que não vale a pena sair do emprego para ganhar tão pouco. Enquanto isso, mantém o plano B de um dia poder trabalhar com marketing, desejo que não é segredo na empresa em que atua. “Vou levando as duas coisas, não posso abandonar meu emprego. Penso em continuar estudando, fazer uma pós-graduação ou mestrado na área”, planeja. Dias acredita que não seria preciso sair da empresa para executar o plano B desde que o local investisse para criar um setor específico para este tipo de trabalho.

DESENGAVETANDO

Suzane não quis falar o nome completo para não se comprometer, mas ela conta que saiu do emprego há duas semanas para poder dar início aos novos projetos. Com amparo do seguro desemprego sente-se mais segura para dar início às novas ideias. “Pretendo vender roupas ou sapatos de forma autônoma para que eu possa cuidar do meu filho também”, revela. Com 30 anos e um filho de 4, o apoio do marido fez diferença, mas explica que não foi de supetão. “Foi uma decisão bem pensada, optei por cuidar do meu filho enquanto tento encontrar algo que eu possa trabalhar dentro de casa”, finaliza. Segundo ela, esse é o momento de tirar o plano B da gaveta.

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