| |

Últimas Notícias 5m de leitura

Documento diz que ordem para dispersar manifestação contra Bolsonaro em PE foi do comando da PM

ATUALIZAÇÃO
06 de junho de 2021

ANA LUIZA ALBUQUERQUE
AUTOR

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um documento interno da Polícia Militar de Pernambuco indica que o comando da corporação ordenou a dispersão dos manifestantes no ato contra o presidente Jair Bolsonaro no dia 29 de maio, no centro do Recife. Duas pessoas perderam a visão de um olho após terem sido atingidas por tiros de bala de borracha que partiram da polícia.

O governador Paulo Câmara (PSB) afirmou na última semana que a ordem para atacar os manifestantes não partiu da cúpula da segurança estadual. O comandante da PM, Vanildo Maranhão, e o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, pediram exoneração dos cargos.

O documento de comunicação interna na corporação, assinado por um policial cuja identidade foi preservada, foi revelado pelo Jornal do Commercio e confirmado pela reportagem.

Nele, o agente afirma que por volta das 10h20 recebeu uma ligação do comandante do batalhão de Choque, que informou que Maranhão havia orientado a dispersão de uma manifestação de 300 pessoas, que descumpriam o decreto estadual relativo à pandemia da Covid-19.

O policial diz que às 11h20 recebeu nova chamada, do coordenador do Copom (Centro de Operações da PM), que reforçou a determinação de Maranhão para que o Choque dispersasse os manifestantes, "usando os meios dispostos", caso eles avançassem em direção à praça do Diário.

Ainda seguindo o relato do policial, na avenida Guarapés manifestantes hostilizaram os agentes do Choque com xingamentos e atirando pedras. Dois deles teriam tentado furar o bloqueio da polícia e foram detidos.

O policial diz também que, após os dois serem detidos, grande parte dos presentes, na tentativa de resgatá-los, arremessou pedras contra a equipe e que, só a partir daí, foram utilizados bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar a manifestação.

Até o momento, não há vídeos que comprovem agressão por parte dos manifestantes. Policiais do Choque começaram a atirar com armas não-letais às 11h44 contra pessoas que seguiam de maneira ordeira por uma avenida do centro do Recife. Imagens mostram agentes atirando nos presentes quase à queima-roupa. A vereadora Liana Cirne (PT) foi atacada com spray de pimenta após se identificar.

O então secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, estava no centro de monitoramento de câmeras da secretaria no momento em que policiais atacaram os manifestantes. Nesse local, é possível monitorar em tempo real todas as câmeras no estado. Ao lado de Pádua, estava o delegado Humberto Freire, que o substituiu na chefia da pasta na sexta-feira (4).

Dois dias antes da manifestação, o Ministério Público de Pernambuco havia alertado o secretário sobre a necessidade de orientação do efetivo da Polícia Militar para evitar eventuais excessos no ato.

A corregedoria da Secretaria de Defesa Social apura a ocorrência de excesso policial e até o momento afastou oito agentes investigados no caso.

Em nota, a secretaria afirmou que a PM já remeteu todos os documentos e demais objetos de investigação à corregedoria. "Tais elementos de prova fazem parte do procedimento instaurado para apurar as responsabilidades e a PMPE não vai se pronunciar sobre supostos vazamentos", diz o texto.

PUBLICAÇÕES RELACIONADAS