“A gente fica bem tenso, torcendo para que a criança não morra”, responde o soldado Alysson Almeida da Silva, da 4ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) de Londrina. Desde 2010 atuando como policial militar, ele conta que já fez três salvamentos a crianças.

“Na hora, eu penso que não posso errar, a sociedade espera muito da gente", diz o solado Alysson Almeida da Silva, sobre os atendimentos às crianças
“Na hora, eu penso que não posso errar, a sociedade espera muito da gente", diz o solado Alysson Almeida da Silva, sobre os atendimentos às crianças | Foto: Acervo pessoal

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“O primeiro foi há três anos, em uma loja no centro da cidade; eu estava em policiamento de bicicleta e o segurança chamou a equipe”. A criança de sete meses estava acompanhada da mãe e havia se engasgado com um pedaço de plástico. “O pessoal, na hora de tentar salvar, colocou a mão na garganta para tentar tirar o plástico, mas o objeto desceu mais ainda”, alerta sobre o erro.

A criança ficou desacordada. “Foi bastante dramático, porque a criança perdeu a consciência, saiu sangue pelo nariz, a gente tentando e a criança não voltava”, recorda. A menina voltou a respirar e após os primeiros socorros foi levada ao hospital, onde ficou cinco horas em observação até ser liberada.

O soldado também salvou uma criança que se afogou na piscina de casa. Esse caso gerou comoção social. Após o procedimento, o menino foi levado ao hospital, onde ficou internado por 10 dias. O PM também fez o procedimento em uma criança que se engasgou com o leite da mãe e que a viatura foi abordada pelo carro do pai, que pedia socorro.

Todos os casos tiveram sucesso, o que não quer dizer que deixa o PM alerta. “Na hora, eu penso que não posso errar, a sociedade espera muito da gente. Depois, vendo os vídeos de como tudo aconteceu, eu consigo apontar os erros e ver que eu poderia ter feito melhor”, comenta com crítica. E quando vê a criança reagindo, um alívio. “No vídeo me vi gritando: ‘glória a Deus!’”, ri do próprio alívio.

Ele conta que todos da PMs passam por treinamento de primeiros socorros na formação, mas que ele gosta de estudar sobre o assunto. “Vejo na internet, converso com profissionais, a minha família inteira é da área da saúde, então a gente conversa sobre isso. Afogamento, parada cardíaca ou um rapaz baleado, essas são situações que a gente convive e a polícia precisa estar treinada para lidar com isso”, defende.

O PM mantém contato com as três famílias e se sente feliz por poder ajudar. “Ao contrário do que alguns pensam, a função da polícia militar não é tirar vidas, é salvar. Mesmo em um simples patrulhamento, a gente está coibindo um crime e está, de certa forma, salvando vidas. A notificação de uma pessoa sem cinto, por exemplo, está conscientizando e salvando vidas. Essa é a missão primordial do PM.”