Na pandemia de coronavírus, o risco de acidentes domésticos entre crianças aumenta. Com os pequenos mais tempo em casa, e apesar do adulto ter outras tarefas para cumprir em casa, é preciso ter cuidado maior na rotina. De acordo com a ONG Criança Segura, os acidentes são as principais causas de mortalidade entre crianças de um a 14 anos. Depois de mortes no trânsito, óbitos por sufocação e afogamento assumem o topo na lista no Brasil.

Crianças têm energia de sobre e qualquer descuido do adulto pode resultar em um acidente
Crianças têm energia de sobre e qualquer descuido do adulto pode resultar em um acidente | Foto: iStock

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“Nesta época que estamos vivendo, as crianças, que têm energia de sobra, estão tendo que ficar mais em casa e infelizmente qualquer momento de descuido do adulto pode ser o suficiente para um acontecimento grave ou até fatal”, afirma Kelly Silva, médica do Samu, em Londrina. Em 2018, 26,1% do total de morte por acidentes em crianças de até 14 anos no Brasil foi causado por afogamento e 23,8% por sufocação.

A médica aponta que além do risco fatal, os acidentes causam risco de lesões neurológicas, traumas graves de membros, fraturas. No Paraná, em 2019, o Corpo de Bombeiros registrou 733 casos de obstrução de vias aéreas, sendo 376 delas em crianças menores de 1 ano, mostrando um total de 51% dos casos nos primeiros meses de vida. No mesmo ano em Londrina, de 51 atendimentos, 34 foram realizados em menores de um ano, representando 67% dos atendimentos.

NÚMERO EXCESSIVO

Acidentes que poderiam ser evitados com informação e realização de primeiros socorros. Pensando nisso, o 3º GB (Grupamento de Bombeiros de Londrina), vai realizar uma live informativa aberta ao público na terça-feira (6), às 19h30, no canal Bombeiros Paraná, no Youtube.

"Essa iniciativa partiu primeiramente do número excessivo de ocorrências de casos de obstrução de vias aéreas com menores de um ano. Aliado a isso, essa é uma demanda constante no 3º GB, como programas de TV, rede de educação infantil, capacitação de empresas, que sempre solicitam palestras de orientação nesse sentido”, menciona a tenente Luana da Silva Pereira.

“Além disso, a gente pode compartilhar esse conhecimento, porque é de extrema importância, é um procedimento simples que pode ser realizado, mas que faz toda a diferença em casos de obstrução e afogamentos”, acrescenta. Além da informação, a live está relacionada ao mês das crianças e ao aniversário de 108 anos do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná.

193

A tenente explica que quando a família liga no 193 pedindo socorro, pelo pouco tempo que se tem diante da situação, o atendente da operação passa as orientações na ligação enquanto a ambulância se dirige ao local. Para ela, é fundamental que os pais saibam agir diante de uma situação de sufocação ou afogamento. “Por isso é importante divulgar como proceder, porque quase sempre os casos são solucionados antes da chegada da equipe. Então, mãe e pai que tiverem noção de como proceder, a chance de solução é muito grande”, afirma.

Segundo a médica do Samu, a obstrução de vias aéreas é bastante comum em bebês e crianças menores, podendo ocorrer tanto por leite, quanto por alimentos e objetos. Ela dá dicas de como evitar esse tipo de acidente (confira nesta página). Caso o acidente ocorra, Silva sugere que o responsável ligue para o 192 (Samu) ou 193 (Corpo de Bombeiros), para que sejam orientados no primeiro atendimento.

Imagem ilustrativa da imagem Bombeiros de Londrina realizam live para prevenir acidentes com crianças
| Foto: Folha Arte

INCONSCIENTE

“O que diferencia o atendimento principalmente é se a criança está consciente ou inconsciente. Se está consciente e consegue tossir de maneira eficaz, estimule criança a tossir e aguarde ambulância. Se a tosse é ineficaz, voz da criança não sai ou se criança apresenta sinais de diminuição da oxigenação (pele com palidez ou azulada), pode ser necessário realizar manobras de desobstrução das vias aéreas, em que o adulto abraça a criança por trás, coloca a mão com polegar para dentro na região do abdome da criança, logo após a ponta do osso esterno e faz movimento para dentro e para cima , na intenção de fazer com o que está obstruindo a via aérea da criança saia. Já nos casos de criança inconsciente, são necessárias medidas de suporte básico e avançado de vida”, explica.

Imagem ilustrativa da imagem Bombeiros de Londrina realizam live para prevenir acidentes com crianças
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