Nos últimos anos, pesquisadores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) aplicaram conhecimento e esforço em um projeto inovador de cadeira de rodas elétrica. A boa notícia é que toda essa dedicação se tornou realidade e o equipamento poderá agora ser produzido em larga escala.

Newton da Silva, Marcio Roberto Covacic e Ruberlei Gaino, da UEL: modelo desenvolvido a partir de uma cadeira elétrica usada, baterias de carro e um CPU de computador
Newton da Silva, Marcio Roberto Covacic e Ruberlei Gaino, da UEL: modelo desenvolvido a partir de uma cadeira elétrica usada, baterias de carro e um CPU de computador | Foto: Fotos: Micaela Orikasa - Grupo Folha

O protótipo, que já foi testado e acaba de ser patenteado, está sendo divulgado pela Aintec (Agência de Inovação Tecnológica) da Universidade, para que parceiros industriais que tiverem interesse na produção, tornem possível o acesso da população com paraplegia ou tetraplegia ao equipamento.

A inovação está na tecnologia e motorização aplicada que, diferente dos produtos existentes no mercado, garantem maior eficiência para manter a velocidade da cadeira, independente do peso do usuário e dos obstáculos no chão como, por exemplo, calçadas irregulares.

LEIA TAMBÉM:

+ 'Acesso às tecnologias assistivas é essencial", diz médico cadeirante

DIFERENCIAL

O protótipo foi desenvolvido por uma equipe de professores e mestrandos do curso de Engenharia Elétrica do CTU (Centro de Tecnologia e Urbanismo), no Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica. “O grande diferencial é o motor trifásico por indução e corrente alternada, o que torna o desempenho do equipamento bem melhor. Também há uma eficiência energética, garantindo uma vida mais útil da bateria”, afirma Ruberlei Gaino, professor na área de controle de automação.

O modelo foi desenvolvido pelos pesquisadores a partir de uma cadeira elétrica usada, duas baterias de carro, um CPU de computador, que abriga o software, controle tipo joystick e um acessório para acionamento também por sopro/sucção variável. “Mas ela permite múltiplos dispositivos adaptáveis para fazer o movimento da cadeira. Isso é importante dependendo da lesão do usuário”, diz.

O professor Newton da Silva, da área de eletrônica de potência, detalha que as cadeiras de rodas elétricas existentes possuem um motor de corrente contínua pela facilidade de acionamento. “Nesse sistema que está sendo apresentado, há uma realimentação de informações pelas placas eletrônicas, fazendo com que a velocidade do motor seja monitorada. Se a pessoa é mais pesada ou mais leve, o motor recebe a energia necessária para manter a velocidade”, explica.

Também integrante da equipe, o professor Marcio Roberto Covacic, ressalta que “a questão da velocidade e o desempenho em geral do equipamento também é muito importante no acesso a rampas”.

LEIA MAIS:

+ Plano de Mobilidade impõe desafios ao sistema viário de Londrina

+ A arquitetura dos pioneiros de Londrina na mira de um artista

EM 2013

O projeto começou em 2013, a partir das pesquisas desenvolvidas por dois mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UEL, Willian Ricardo Bispo e Antônio Pires Leôncio Junior.

A equipe ressalta que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) financiou o recurso humano com a dissertação de Bispo, viabilizando a pesquisa. Já o protótipo foi montado com recursos próprios dos professores e doações de amigos. O trabalho contou ainda com o apoio da Fundação Araucária, Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Em julho de 2014, os pesquisadores terminaram os estudos e entraram com o pedido de patente, deferida no início deste ano. Ainda não há uma estimativa de custos dessa nova cadeira de rodas, mas a equipe estima que ela possa custar o equivalente aos modelos disponíveis no mercado. “A ideia é que esta cadeira esteja no mercado e no SUS. Ainda não pensamos no que desejamos daqui pra frente, mas é importante que essa tecnologia chegue até as pessoas”, finaliza Gaino.

Imagem ilustrativa da imagem Pesquisadores da UEL inovam com tecnologia em cadeira de rodas
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

POR SOPRO

Este não é o único modelo produzido pela equipe do Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica. Em 2014 o grupo testou e divulgou uma cadeira elétrica movida por meio de sopro, indicada para pessoas paraplégicas com diferentes níveis de lesão. Testes foram realizados na quadra interna do Cefe (Centro de Educação Física e Esporte).

Esse modelo mais antigo aguarda a concessão de patente, já requerida ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), há cerca de sete anos. A cadeira por sucção funciona por meio do ar expirado ou inspirado pelo usuário, praticamente sem esforço motor. (Com Agência UEL)

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.