Os londrinenses fazem 823 mil deslocamentos ao dia dentro da cidade e desse total, 76% são realizados em veículos motorizados, o que corresponde a 627 mil viagens diárias. Dessas, 466 mil são feitas em transporte individual. Na zona norte, é maior o uso de transporte público enquanto na região da Gleba Palhano, na zona sul, os cidadãos priorizam o meio de transporte individual. A política de espraiamento da cidade implementada ao longo dos anos resultou num custo anual de R$ 30 milhões, resultado de movimentações desnecessárias.

Imagem ilustrativa da imagem Plano de Mobilidade impõe desafios ao sistema viário de Londrina
| Foto: Gustavo Tacaki/CML

Em um município com projeção de crescimento populacional de quase 30% para os próximos 20 anos, pensar a mobilidade urbana é planejar um desenvolvimento mais sustentável para as próximas décadas. Estudar formas de priorizar o transporte público e incentivar o uso da bicicleta, neste momento, é uma necessidade para garantir a fluidez no tráfego no futuro.

Nesta terça-feira (8), foi oficializada a entrega ao município do PlanMob (Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Londrina), com o diagnóstico e possível soluções para a melhoria do sistema viário de Londrina. O plano, uma exigência da Lei Federal nº 12.587/2012, que institui a Política Nacional de Mobilidade Urbana, começou a ser elaborado em 2018 e foi finalizado em 2021 pela Logit Engenharia Consultiva, empresa contratada por meio de licitação pela Prefeitura de Londrina. O trabalho teve a supervisão do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina).

A elaboração do plano envolveu coleta de dados por meio de pesquisas de campo e domiciliares e participação social em audiências públicas. Os dados foram analisados e sistematizados e, a partir deles, foi possível traçar um panorama do cenário atual de Londrina e propor ações e melhorias na infraestrutura do município que poderão contribuir para dar maior fluidez aos deslocamentos urbanos. Segundo cálculo dos indicadores de desempenho da rede na situação atual até 2038, apenas as obras em andamento atualmente não são suficientes para a melhoria do sistema no futuro. “Existem algumas sugestões de obras no curto prazo para resolver cruzamentos com formação de fila. No médio prazo são obras mais estratégicas, criando novas alternativas viárias”, disse o gerente de Mobilidade da Logit, Thiago Meira.

Ao todo, foram apontados 66 gargalos no sistema viário que poderiam ser solucionados com obras que já estão em andamento, estão planejadas ou ainda deverão ser projetadas, todas elas com o cálculo do custo e benefício. “Com base na relação custo-benefício, estabelecida uma ordem de prioridade para o período de cinco a dez anos, para dez a 15 anos e para o período de 15 a 25 anos”, ressaltou o presidente do Ippul, Tadeu Felismino.

O PlanMob aponta diretrizes para facilitar a circulação de pedestres, traça planos de rotas acessíveis, propõe diretrizes e ações para aperfeiçoamento do plano cicloviário, entre outros estudos que foram feitos. Entre os 24% dos deslocamentos não motorizados feitos diariamente em Londrina, apenas 1% acontece por bicicleta, apontou o estudo.

Além de estimular as viagens sobre duas rodas, há a necessidade de promover melhorias no transporte público. Reduzir a lotação e o tempo de espera pelos ônibus e tornar mais acessível o preço da tarifa é uma equação complexa que impõe inúmeros desafios à CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). “A priorização do transporte público poderá reduzir custos ao menos 10%, permitindo realocação de frota e melhoria da oferta”, destacou Meira.

Promover o adensamento em locais onde isso ainda é possível, principalmente nas áreas próximas à rota do transporte coletivo, evitando aumentar o perímetro urbano do município é uma das alternativas apontadas pelo plano para reduzir os custos com transporte público. “Esse plano foi 100% a base de tomada da decisão da cidade para subsidiar parte do custo do transporte público, arcando com os benefícios para idosos, estudantes, doentes", disse Felismino.

Segundo o presidente do Ippul, o plano de mobilidade transcende a questão da mobilidade e impacta diretamente o uso e ocupação do solo, não só o sistema viário. Com o estudo, afirmou Felismino, o município tem em mãos mecanismos para nortear não só as políticas de governo, mas as políticas de Estado. “É uma ferramenta que vai gerar um grande impacto em todas as políticas urbanas da cidade.”

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