Especialistas ao redor do mundo estão de olho em uma nova doença que pode estar associada ao novo coronavírus em crianças. É a chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica. “É uma doença grave que pode ocasionar hemorragias, alteração da pressão sanguínea, comprometimento de outros órgãos como rins, fígado e o próprio coração. É até frequente a criança não ter nenhum tipo de sintoma respiratório, o que dificulta o diagnóstico”, explica o pediatra em Londrina, Arnildo Linch Junior.

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De acordo com o chefe da UTI pediátrica do HU de Londrina, o MS (Ministério da Saúde) já indica a notificação específica dos profissionais de saúde diante de uma suspeita dessa complicação. “E os relatos têm sido cada vez mais frequentes. A gente cita os Estados Unidos como referência porque vêm de lá as principais publicações, mas é um fenômeno que está acontecendo em todo o mundo”, completa.

Até o fim de agosto, pelo menos 197 crianças e adolescentes brasileiros apresentaram uma série de problemas de saúde que, juntos, podem caracterizar a Síndrome. Dados do MS apontam que do total de crianças, 140 tinham menos de 10 anos no momento em que adoeceram e que a síndrome pode ter causado a morte de pelo menos 14 pacientes com idades entre 0 e 19 anos entre maio e agosto deste ano.

A coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do MS, Janini Ginani, ressalta que a maioria das crianças e adolescentes acometidos pela síndrome é do sexo masculino, possui entre 0 e 9 anos e não tinha doenças crônicas pré-existentes.

De acordo com o pediatra Arnaldo Prata, pesquisador do Instituto D'OR de Pesquisa e Ensino e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), um estudo feito com 79 crianças e adolescentes internados em 19 UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), públicas e privadas, dos estados da Bahia, Ceará, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo, revelou que 87% das crianças internadas testaram positivo para Covid-19. Destas, 13% apresentaram um quadro clínico associado à síndrome.

“Ou seja, entre crianças de 0 a 19 anos, a doença inflamatória multissistêmica pode acometer de 10% e 15% das que adoecem e que precisam ser internadas devido a covid-19”, enfatizou. (Com Agência Brasil)