O carinho chega de diversos lugares e diferentes formas; são mensagens nas redes sociais, grupos religiosos que dão apoio através de orações, presentes de ex-pacientes e seus familiares
O carinho chega de diversos lugares e diferentes formas; são mensagens nas redes sociais, grupos religiosos que dão apoio através de orações, presentes de ex-pacientes e seus familiares | Foto: Isaac Fontana/Frame Photo/Folhapress - 16/03/2021

“Um sonho de infância era conhecer um herói e hoje eu conheço você”. A frase escrita por um funcionário de uma empresa de lanches e entregue para as equipes de trabalho do HU-UEL (Hospital Universitário de Londrina) ficou na memória da diretora administrativa, Daiane Vieira Cardoso. “Isso dá um alento para o time. Eu acredito muito na força solidária da sociedade. Somos um hospital 100% público, mantido com verba pública e poder contar com o apoio da sociedade num momento tão complicado, renova as nossas energias. A cada ação o nosso hospital sente esse estímulo e tem mais energia mais para seguir na luta”, diz.

Imagem ilustrativa da imagem Apoio e gratidão de fora para dentro do HU  de Londrina
| Foto: Divulgação - HU

Cardoso comenta que o comportamento da sociedade em relação ao hospital mudou com a chegada da pandemia na região. “Antes as pessoas tinham um olhar para o HU como uma instituição mantida pelo Estado, que não precisava de ajuda. Ou seja, não havia uma mobilização, mas com a pandemia em março de 2020 percebemos um movimento muito importante na sociedade civil”, afirma.

As costureiras que estavam em casa, por exemplo, confeccionaram máscaras de pano e enviaram às equipes. Os homens que trabalham com serviços gerais ajudaram no reforço da mão de obra para a manutenção do hospital. Grandes empresas e indústrias promoveram campanhas para arrecadar e doar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como máscaras N95 e álcool em gel.

“Algo que nos surpreendeu bastante foi um sapato de segurança feito para as equipes que estão na linha de frente. O que importa é o gesto e não o valor. Essas contribuições da comunidade só reforçam o quanto houve uma valorização dos serviços de saúde com a pandemia”, comenta Patrícia dos Santos Diesel, chefe de Divisão de Enfermagem do Pronto-Socorro do HU.

TRÊS MIL TRABALHADORES

Segundo a diretora administrativa, as maiores doações neste momento têm vindo de indústrias, que estão enviando respiradores ao hospital. “Já tivemos quatro respiradores doados e também recebemos R$ 840 mil de doações em dinheiro”, cita.

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| Foto: Divulgação - HU

Por dia, circulam pelo HU cerca de três mil pessoas nas mais diversas funções. São poucas as ações que contemplam todos os trabalhadores e, portanto, o trabalho da administração também é de direcionar os grupos que irão receber os donativos. “As pessoas sempre querem doar para quem está na frente, mas no HU hoje todos estão na linha de batalha. Teve um dia que recebemos bolos confeitados e encaminhamos para as áreas assistenciais, como o de retaguarda. São os colaboradores que arrumam o ar-condicionado, fazem manutenção e também da lavanderia”, diz.

O carinho para quem acorda todos os dias para se dedicar a outras vidas chega de diversos lugares e diferentes formas. São mensagens nas redes sociais, grupos religiosos que dão apoio através de orações do lado de fora do hospital, presentes de ex-pacientes e seus familiares ou desenhos e mensagens da sociedade em geral, fixadas nos para-brisas dos carros no estacionamento ou acompanhadas de um lanche ou chocolate.

“Isso nos emociona muito. Dá ânimo e conforto para a equipe que já está cansada e que ainda tem muito trabalho pela frente. É emocionante receber esse carinho”, comenta Diesel.

NOVO OLHAR

O psicanalista em Londrina, Sylvio do Amaral Schreiner, destaca que "quando se tem um evento novo, tudo passa a ser olhado de maneira diferente". Nesse contexto, ele diz que a pandemia provocou uma mudança de olhar na sociedade a respeito do HU-UEL. “O hospital público sempre esteve ali, mas não era visto. Até o HU estar no centro das atenções, as pessoas não sabiam do seu valor. Com a pandemia, elas passaram a prestar muito mais atenção na instituição e a dar valor para o cuidado e o carinho que esses profissionais dispensam”, ressalta.

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| Foto: Divulgação - HU

Quando surgem doações ou outras formas de apoio, Schreiner diz que todos são recompensados. Aqueles que estão trabalhando recebem este carinho como uma valorização de suas ações e aqueles que doam têm a chance de serem generosos e criarem certos vínculos. “Em qualquer situação crítica, como a que estamos vivendo agora, as emoções ficam potencializadas. Se por um lado vemos o egoísmo de muitas pessoas diante da falta de cuidado para com o outro, promovendo festas inapropriadas, por exemplo, por outro há aqueles que valorizam o que de fato está acontecendo, além dos profissionais que estão atuando exaustivamente e suscetíveis ao perigo. Então, temos os dois lados e é uma questão para todos pensarem para qual lado querem ir. São os pequenos gestos que dão força para as grandes ações”, afirma.

SERVIÇO - Quem quiser fazer doações ao HU-UEL pode telefonar para (43) 3371-2671.

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