“Vocês inspiram, salvam, iluminam e protegem”. A frase em tom de agradecimento é uma das dezenas de recados que fazem parte do painel instalado no Centro de Imunização da Zona Norte de Londrina para os moradores deixarem sua homenagem aos trabalhadores da saúde. Já não há mais espaço e o jeito para aqueles que fazem questão de falar do seu sentimento tem sido escrever em pequenas folhas adesivas.

Mural em homenagem aos trabalhadores: falta espaço para os recados
Mural em homenagem aos trabalhadores: falta espaço para os recados | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O prédio, que em dias “normais” é um centro de convivência para idosos, foi transformado no maior ponto de vacinação contra a Covid-19 na cidade, em fevereiro. Desde então, boa parte das mais de 360 mil doses já aplicadas no município no último semestre foram no lugar, que se tornou símbolo de esperança, vida e alegria. Palavras extremamente importantes em tempos ainda difíceis. Para marcar os seis meses de vacinação em Londrina, a FOLHA acompanhou uma manhã de trabalho no local.

Mesmo com agendamento, muitas pessoas chegam antes do horário indicado
Mesmo com agendamento, muitas pessoas chegam antes do horário indicado | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Os afazerem começam cedo e bem antes de aceitar o primeiro vacinável. Os profissionais se reúnem diariamente para um momento de oração e depois recebem as orientações do dia. Esclarecimento para o espírito e a mente. O horário de liberar a entrada é por volta das 7h30, mas normalmente o portão é aberto antes. Mesmo com o agendamento, muitos se antecipam ao horário indicado. Alguns casos até de madrugada. Reflexo da ansiedade para ver no braço o líquido que pode garantir a imunidade contra uma doença perversa.

Ambiente no centro de imunização é dominado por mulheres
Ambiente no centro de imunização é dominado por mulheres | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O ambiente no centro de imunização é dominado por mulheres, porém, parte dos poucos homens que atuam são o “cartão de visita”, esclarecendo, organizando e liberando o acesso ainda do lado de fora. Entre eles está Daniel Francisco da Silva, agente comunitário. “Tem gente que vem saber de cadastramento e explicamos como funciona, por exemplo. Filtramos para não tumultuar lá dentro. Em março sai de férias, vi uma reportagem sobre o centro e deu vontade de voltar. Muito bom participar deste momento”, valorizou.

Daniela Pombal Porto: "Gosto de ajudar, é gratificante"
Daniela Pombal Porto: "Gosto de ajudar, é gratificante" | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Dentro do posto a logística lembra uma engrenagem, em que cada pessoa é essencial para o fluxo, que tem seus instantes de pouco ou muito movimento, mas não para. Atrás de um dos diversos balcões da recepção fica Daniela Pombal Porto. Auxiliar de odontologia da UBS (Unidade Básica de Saúde) Campos Verdes, na região norte, ela intercala desde maio a atuação entre a unidade e a vacinação. “Confiro o agendamento, QR Code, endereço, pergunto se a pessoa tem sintomas da Covid, se toma medicação. Estou gostando de ajudar, é gratificante.”

A logística lembra uma engrenagem, em que cada pessoa é essencial para o fluxo
A logística lembra uma engrenagem, em que cada pessoa é essencial para o fluxo | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

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ANIMAÇÃO

Antes de ir para as salas de vacinação é necessário passar pela Luciana Cumpian. Agente comunitária, seu papel é como uma regente de orquestra. Sabendo onde estão os imunizantes para as grávidas e puérperas, quantas doses restam para terminar o frasco, ela mostra onde a pessoa deve ir, vê se o comprovante está em mãos e garante que todos vão sair pelo lugar certo. Sempre com um cumprimento e chamando pelo nome. É pura simpatia e animação. “O plano é todo mundo estar imunizado e cada pessoa que vem aqui é mais um passo nesse caminho”, destacou.

Luciana Cumpian: simpatia e animação
Luciana Cumpian: simpatia e animação | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

HISTÓRIAS

Já nos boxes, técnicas em enfermagem e enfermeiras garantem o auge de quem vai atrás da vacina: a aplicação. Cada pessoa que chega traz sua história. A maioria feliz, porém, existe tristeza. “As pessoas se emocionam e nós também. Uma senhora veio vacinar e contou que perdeu o filho, o esposo e o irmão para o coronavírus. Ela veio antes de ir para o velório do irmão. Foi bem triste”, relatou Denise Berbicz Gonçalves. “Além de técnica em enfermagem somos psicólogas, conversamos, tiramos dúvida”, acrescentou, mostrando que não é apenas vacinar, mas também humanizar.

Denise Berbicz Gonçalves: "Não é apenas vacinar, mas também humanizar"
Denise Berbicz Gonçalves: "Não é apenas vacinar, mas também humanizar" | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Com 23 anos de vínculo com a prefeitura, a técnica de enfermagem Olga Correia Boaventura garante não se cansar de prestar todos os dia todo os mesmos esclarecimentos, como falar do fabricante, lote, data da segunda dose, mostra seringa cheia e depois vazia, entre outras ações rotineiras. “No começo as pessoas choravam de emoção de receber a dose. Hoje, muitos choram por terem perdido alguém.”

Boxes de vacinação: cada pessoa vem com uma história
Boxes de vacinação: cada pessoa vem com uma história | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

PRAZER E DETERMINAÇÃO

As profissionais ainda se tornaram celebridades e auxiliares no geral: saem nas fotos, tiram a fotografia, seguram os bebês para as mães que vão vacinar sem acompanhante. Sempre com educação e um sorriso no rosto, bandeira que tem atraído munícipes de outras localidades. “Gosto muito da minha profissão. Amo o que faço, é prazeroso. Não é nem trabalho, somos uma família”, pontuou Olga. “Acordo e venho com determinação de ajudar. Não adianta acordar com mau humor”, frisou Denise.

Olga Correia Boaventura garante não se cansar de dar os mesmos esclarecimentos o dia todo
Olga Correia Boaventura garante não se cansar de dar os mesmos esclarecimentos o dia todo | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

A capacidade no espaço é de até 22 boxes de vacinação com atendimentos simultâneos, resultando em 1.000 a 1.500 vacinações por dia. A cabeleireira Renata Guabette foi uma das vacinadas no centro e saiu melhor do que entrou. “Estava na expectativa e fiquei muito emocionada. Ótimo atendimento, muita simpatia. Me deparei com a alegria e saio alegre.”

Renata Guabette: "Ótimo atendimento; me deparei com alegria e saio alegre"
Renata Guabette: "Ótimo atendimento; me deparei com alegria e saio alegre" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

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