Desde que a enfermeira Fátima Ruiz recebeu a primeira dose da vacina antiCovid em Londrina, no dia 19 de janeiro, outras 360.104 doses foram aplicadas nos braços dos londrinenses, até a noite da última quinta-feira (15). A cidade completa nesta segunda-feira (19) seis meses da campanha de imunização contra a Covid-19 em estágio de aceleração e já colhendo frutos dos efeitos da vacina, principal caminho apontado pelas autoridades em saúde para superar a pandemia.

Fátima Ruiz foi a primeira pessoa imunizada contra Covid em Londrina
Fátima Ruiz foi a primeira pessoa imunizada contra Covid em Londrina | Foto: Isaac Fontana - FramePhoto - Folhapress

A vacinação que começou contemplando profissionais da saúde e idosos foi incluindo outros grupos prioritários e agora está concentrada, em especial, na população em geral. No caso de Londrina, que conta com cinco pontos de imunização, a estimativa é conseguir cumprir o calendário divulgado pelo Governo do Estado, que prevê vacinar 80% das pessoas com pelo menos uma dose até o final de agosto e a totalidade dos paranaenses até o último dia de setembro.

Diferentemente de outras localidades, o segundo maior município do Paraná não precisou interromper a campanha por falta de doses em nenhum momento. Felippe Machado, secretário municipal de Saúde, creditou o fato ao planejamento feito. “Organizamos o sistema para não ter filas, porque seria uma hipocrisia na hora da vacina permitir aglomerações; lançamos agendamento, foram implantadas medidas de segurança no processo, com critérios para não ter fura-fila, cadastro prévio, QR Code, avaliação de documentos, estrutura da Educação como ponto de apoio”, elencou.

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TRÊS MIL DOSES DIÁRIAS

Com uma população estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 575.377 pessoas, a secretaria calcula que cerca de 440 mil estão aptas a serem imunizadas, levando em conta o público adulto. Até agora, 58% dos vacináveis já receberam uma dose e 24% a segunda ou dose única, estando completamente imunizados. Por dia, os trabalhadores da saúde têm aplicado, em média, mais de três mil doses. A cidade tem estrutura para vacinar diariamente mais que o triplo deste montante.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina completa seis meses de vacinação com redução de índices
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

“Evidentemente nosso avanço está condicionado ao recebimento de novas vacinas. Se tivéssemos recebido mais vacinas, teríamos avançado mais, chegando a dez mil pessoas por dia”, ponderou. “A expectativa é que possamos avançar para, consequentemente, diminuir a pandemia. Toda a semana recebemos vacina e planejamos o lote para usar dentro da semana e para que não fique parada, com o processo sendo contínuo. Sempre que liberamos vagas para agendamento, as pessoas que tiveram o cadastro validado têm a garantia de que vão receber a dose”, explicou.

Machado ainda rebateu que a cidade esteja atrasada em detrimento de outros municípios. A justificativa é de que outras localidades foram usando doses remanescentes dos grupos prioritários para evoluir em relação à população geral ou baixando a faixa etária sem que a totalidade das idades fosse atendida.

DADOS

Segundo a infectologista Claudia Carrilho, Londrina apresenta números de vacinados pouco acima da média nacional, o que ajuda para a redução da taxa de transmissão. “A taxa de transmissão está caindo, a fila de leitos de UTI (Unidade de Pronto Atendimento) está menor em todo o Estado e País”, destacou a profissional, que é professora da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HU (Hospital Universitário). A taxa de transmissão no município, atualmente, é de 0,95, porém, acima do percentual nacional, que é de 0,88. Quando o número é menor ou igual a um espera-se queda nos casos.

Levantamento feito pela reportagem indicou um declínio na quantidade de novos casos nos últimos meses. No final de maio, por exemplo, foram 1.636 confirmações no período de sete dias. O montante cresceu nas duas semanas seguintes, voltando a cair entre os dias 14 e 20 junho (1.766). Entre cinco e 12 de julho foram 789 positivações, um recuo de 51% em comparação com a última semana de maio.

Outro impacto da vacinação envolve os idosos, classificados, desde o início da pandemia, como um dos públicos mais vulneráveis à doença. Em janeiro, Londrina contabilizou 133 vidas perdidas para a doença, em que 111 eram pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 83% do total. Já em junho foram 248 óbitos, 113 de idosos, no entanto, 45% do total. Por outro lado, as mortes de moradores entre 50 a 59 anos cresceu, indo de 10 registros (7%) para 71 (28%), levando em conta janeiro e junho, respectivamente. A cidade passou a vacinar as pessoas sem comorbidades com menos de 60 anos no mês passado.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina completa seis meses de vacinação com redução de índices
| Foto: Folha Arte

SEM RELAXAR

Para Claudia Carillho, o desafio é manter o ritmo da vacinação, até que chegue a todos os adultos, para que possa ser expandida para outras faixas etárias. “Temos que estimular a todos que são elegíveis irem tomar a primeira dose e, principalmente, a segunda, pois apenas a vacinação completa fornece a imunidade esperada. É necessário 75% da população com vacinação completa para controle da pandemia. Esperamos vacinas para todas as faixas etárias com indicação, inclusive, de jovens e adolescentes.”

Mesmo com uma luz no fim do túnel, diferentemente do que era vivenciando em julho do ano passado, a orientação é unânime: os cuidados precisam continuar e a pandemia não acabou. “A população deve receber a vacina quando chegar sua vez, não dar ouvido para fake news, em especial as que são contra vacinas, e não relaxar. Devemos ser gratos ao receber uma vacina que reduz o risco em mais de 90% de ter a forma grave da doença, de precisar de UTI ou de ir a óbito. Nesse momento não devemos escolher qual vacina e sim receber a vacina que nos é dada e de forma completa”, pontuou a infectologista.

“A expectativa é de dias melhores para que possamos nos aproximar do fim da pandemia, de forma gradativa e respeitando as medidas de prevenção. A vacina não é carta de alforria para fazer tudo”, lembrou o secretário municipal de Saúde.

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