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Política 5m de leitura

Observatório questiona Prefeitura de Londrina sobre compra de quatro carros por R$ 360 mil

ATUALIZAÇÃO
06 de setembro de 2021

Rafael Machado - Grupo Folha
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A Prefeitura de Londrina vai desembolsar R$ 360 mil para comprar quatro carros tipo SUV para três secretarias municipais (Planejamento, Gestão Pública e Políticas para as Mulheres) e a chefia de gabinete do prefeito Marcelo Belinati (PP). Com custo individual de R$ 90 mil, os veículos serão adquiridos da Mundial Motor's, concessionária de Florianópolis (SC), que apresentou o menor preço na licitação. 

A empresa catarinense foi a única a enviar proposta. O edital tinha valor original de R$ 363.186,68, mas foi encerrado com R$ 360 mil. A prefeitura argumentou que a compra era necessária "pela frequente necessidade de realização de deslocamentos para além dos limites da cidade de Londrina ou Estado do Paraná para tratar de assuntos de interesse público". 

 

Segundo a justificativa, "o modelo SUV possui características que atendem as mais diversas demandas geradas pela administração, pois combinam recursos para a condução off-road, incluindo maior tração e suspensão, com conforto e boa dirigibilidade". Os carros devem ser "de cor branca, zero km, com combustível flex, potência mínima de 110 cavalos, câmbio automático, direção hidráulica, ar-condicionado, alarme, vidros e travas elétricas na quatro portas, câmera de ré", entre outras condições. 

O processo foi alvo de questionamentos do Observatório de Gestão Pública. Em ofício do dia 25 de agosto, a entidade fez oito perguntas levantando diferentes questões, como a média de quilômetros rodados nos veículos atualmente usados nas viagens dos órgãos que vão receber os novos automóveis, se o Município já possui em sua frota veículos tipo SUV e o porquê não seria possível a compra de carros mais econômicos. 

Procurado pela FOLHA, o secretário de Gestão Pública, Fábio Cavazotti, criticou a forma como o Observatório fez os apontamentos. "Antes de procurar as explicações do poder público, eles têm divulgado as informações na imprensa e em suas redes sociais, o que infelizmente tem virado rotina. Isso levanta algumas dúvidas para a sociedade que facilmente poderiam ser resolvidas em uma reunião, uma conversa. Como ex-membro da entidade, é de se lamentar uma postura como essa", explicou Cavazotti. 

Sobre a licitação, o secretário entendeu que a renovação parcial na frota é importante para oferecer melhores condições de conforto e segurança. "Nossos carros já não são mais novos. Não há nenhum luxo. O modelo SUV foi escolhido porque é mais alto, passa melhor em estradas rurais, por exemplo. A última viagem que fiz com o automóvel da Gestão Pública foi para Blumenau. Para se ter uma ideia, voltei com dor nas costas, tive que ficar um dia inteiro deitado", avaliou. 

Na opinião de Cavazotti, o custo de R$ 90 mil por veículo é "razoável e compatível com a necessidade da prefeitura. Acho um excesso do Observatório apenas olhar para o lado financeiro. Um SUV como esses permite a viagem de quatro servidores, evitando passagens aéreas. Com os que temos atualmente, não conseguimos viajar em quatro. Não tem a potência adequada para um destino mais longo. Não acho que o poder público tem que ter apenas o que for mais barato. É preciso qualidade e estrutura para que o servidor cumpra sua função", finalizou.

Os quatro carros da marca Tigo ainda não foram trazidos para Londrina. Com a homologação do processo licitatório, o próximo passo é assinar o contrato com a Mundial Motor's e depois emitir a ordem de serviço. 

SEM POLÊMICA

O diretor do Observatório de Gestão Pública, Fabiano Abucarub, ressaltou que a entidade  se ateve "aos motivos do modelo SUV ter sido definido. Enviamos os questionamentos e recebemos justificativas bem abrangentes. Por exemplo, perguntamos se o aluguel não seria uma opção melhor, mas não fomos respondidos", disse. Ele preferiu não comentar as críticas feitas por Fábio Cavazotti sobre a atuação do órgão de controle. 

Conforme Abucarub, o Observatório procurou o número de viagens feitas por secretários municipais no Portal da Transparências, mas não obteve as informações, o que ensejou o envio de um novo ofício. "Queremos apenas o embasamento que justifique a compra. Não há nenhuma caça às bruxas. Estamos apenas cumprindo com o nosso papel, que é fiscalizar os gastos públicos", comentou. 

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o Observatório pontuou que "as reuniões são abertas a todos os interessados em participar e os relatos dos assuntos discutidos são publicados nas redes sociais de acordo com a política de transparência da entidade. As divulgações são baseadas em ofícios e respostas públicos disponíveis no SEI (Sistema Eletrônico de Informações)  do Município". 

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