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Política 5m de leitura

Na posse, Barroso diz que militares não sucumbiram ao golpismo

Ministro assume presidência do STF em lugar de Rosa Weber, que completará 75 anos, idade limite para atuar na Corte

ATUALIZAÇÃO
28 de setembro de 2023

Renato Machado/Folhapress
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Brasília - O novo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou durante o seu discurso de posse que as "instituições venceram" no Brasil momentos de sobressalto vividos pela democracia por aqui e em diferentes partes do mundo.

Barroso pregou a harmonia entre os Poderes e ainda acrescentou que as Forças Armadas "não sucumbiram ao golpismo". "Em todo mundo a democracia constitucional viveu momentos de sobressalto, com ataques às instituições e perda de credibilidade. Por aqui, as instituições venceram tendo ao seu lado a presença indispensável da sociedade civil, da imprensa e do Congresso Nacional", afirmou o novo presidente do STF. "E justiça seja feita: na hora decisiva, as Forças Armadas não sucumbiram ao golpismo", completou.

Barroso assumiu nesta quinta-feira (28) a presidência do Supremo Tribunal Federal, em substituição à ministra Rosa Weber, que completará 75 anos, a idade limite para atuar na Corte. 

A cerimônia de posse contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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TENSÃO

Barroso assume a presidência do STF em um momento de tensão entre os Poderes judiciário e legislativo, com acusações de invasão de competência. Um dos principais estopins para a crise foi a colocação em pauta e a votação do marco temporal, assunto que também estava em tramitação no Congresso Nacional.

Em votação relâmpago, o plenário do Senado aprovou na quarta-feira (27) o projeto de lei do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, menos de uma semana após a tese ser derrubada em decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Pacheco disse após a votação que se não se tratou de "revanchismo".

O próprio Barroso foi acusado diversas vezes de invadir a competência de outros poderes com as suas decisões. Em abril de 2021, por exemplo, determinou a instalação da CPI da Covid no Senado, tornando-se assim um dos principais desafetos do bolsonarismo na ocasião.

Em resposta a essas críticas, Barroso tem dito que não invade competência de outros poderes, mas que o Supremo tem a obrigação de dar respostas ao ser provocado.

Barroso está há 10 anos no Supremo. Ele foi presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em meio a escalada dos ataques do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas. Natural de Vassouras, no Rio de Janeiro, ele foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff (PT) e passou a integrar o Supremo em junho de 2013, ocupando o lugar vago deixado por Carlos Ayres Britto. Antes disso, ele já vinha sendo incluído na lista de cotados ao tribunal.

RECADOS DE GILMAR
O ministro Gilmar Mendes usou seu discurso na cerimônia de posse de Luís Roberto Barroso como presidente do STF para enviar recados contra ameaças antidemocráticas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sem citar nominalmente o ex-mandatário, Gilmar afirmou na sessão desta quinta-feira que o STF suportou ameaças de um "populismo autoritário".
Ele disse ainda que a cerimônia da posse de Barroso, 65, "torna palpável a certeza de que o STF sobreviveu".
"Esta corte suportou sórdidas alfenas disparadas contra seus membros, não raras contra seus parentes e inúmeras tentativas de interferência das urnas eleitorais, conspirações para prender membros do STF, atos de terrorismo e ameaças de explosões, algumas concretizadas, como no aeroporto de Brasília", disse Gilmar.
Ele reforçou por diversas vezes, em seu discurso, os ataques contra o processo eleitoral nas últimas eleições e disse que "minar a confiança no nosso sistema eleitoral é propriamente minar a Constituição de 1988".
Em 2017 e 2018, Barroso e Gilmar protagonizaram brigas com ofensas no plenário.
Numa delas, o novo presidente do STF chegou a dizer que o colega é uma mistura do mal com o atraso, que desmoraliza a corte e sugeriu que Gilmar age por interesses estranhos à Justiça.
Gilmar rebateu, dizendo que Barroso deveria fechar "seu escritório de advocacia". Barroso já foi sócio de um escritório de advocacia, do qual saiu quando assumiu a cadeira no STF. Em carta a então presidente da corte, Cármen Lúcia, ele disse que jamais atuou em processo patrocinado pelo escritório ou seus sócios. (Com Constança Rezende/Folhapress)
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