Órgãos como o governo do Paraná e a Assembleia Legislativa (AL) passaram a ser acionados por representantes políticos de Londrina para ajudar a tirar o Contorno Leste do papel. O objetivo é fazer chegar ao governo federal uma mensagem conjunta da cidade e região para que a obra seja obrigação da concessionária que dentro do próximo modelo de pedágio do estado assumirá o lote 3 do projeto.

“Se a gente não resolver isso agora, vai ficar reivindicando durante 30 anos. Existe o mecanismo, precisa é de decisão política com o governo federal, ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] para resolver essa questão”, pediu o deputado estadual Tercilio Turini (PSD), em visita recente à FOLHA.

Além de Turini, os outros três parlamentares de Londrina com cadeira na AL — Cloara Pinheiro, Cobra Repórter e Tiago Amaral, todos do PSD e da base do correligionário Ratinho Junior — assinaram um ofício ao presidente da Casa, Ademar Traiano (PSD), para ele reforçar o coro com o governador e incorporar a pauta à agenda da Assembleia Legislativa. O documento tem o apoio de outros deputados estaduais com atuação no Norte do Paraná: Luiz Claudio Romanelli e Pedro Paulo Bazzana, igualmente do PSD.

Em âmbito municipal, Turini teve uma reunião na semana passada com o prefeito Marcelo Belinati (PP) para que o chefe do Executivo local auxilie com o tema. Antes disso, na ExpoLondrina 2023, o presidente da Câmara Municipal de Londrina (CML), Emanoel Gomes (Republicanos), havia apresentado a mesma reivindicação a Traiano.

A expectativa para os próximos dias é que seja marcada uma agenda com Ratinho Junior. “Até assinar o termo de repasse [de rodovias estaduais para a União], não tem problema, mas, a partir do momento que tiver o edital pronto, você não consegue alterar mais”, alertou o parlamentar estadual.

Os dois primeiros lotes da concessão rodoviária estão previstos para serem leiloados para a iniciativa privada em agosto, com o retorno da cobrança de pedágio estimado para ocorrer entre setembro e outubro. As informações foram dadas na última semana pelo secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex. Oficialmente, ainda não há prazo pré-estabelecido para que o lote 3 passe pelo mesmo processo.

Reunião sobre emenda

Em Brasília, uma emenda da bancada do Paraná prevista no orçamento da União de 2023 busca tornar realidade a execução de projetos preliminares à obra, como dito recentemente por Filipe Barros (PL) à FOLHA. Segundo a assessoria do deputado federal, em maio deve haver uma reunião com a equipe do ministro dos Transportes, Renan Filho, para deliberar o assunto.

Pleito de décadas

De acordo com Turini, o Contorno Leste chegou a integrar os estudos iniciais do governo federal quanto ao novo modelo de pedágio, ainda na administração de Jair Bolsonaro (PL), mas acabou retirado — não se sabe o motivo, conforme ele, que também observou que a empreitada é reivindicada há décadas. “Antes de se falar em Contorno Norte, o Wilson Moreira [prefeito de Londrina de 1983 a 1988] deixou encaminhado um pré-projeto do Contorno Leste, porque ele via a importância de um ramal rodoviário que tirasse grande parte do tráfego de dentro de Londrina.”

Para o deputado estadual, embora exista sinalização de que o Contorno Norte seja enfim construído pela próxima concessionária, a logística de Londrina e região ficaria incompleta sem o Contorno Leste — cujo traçado é de uma nova ligação entre a PR-445 (na altura do posto da Polícia Rodoviária Estadual, na saída para Curitiba) e a BR-369.

“Pagamos o Contorno Norte durante 24 anos e não levamos. A nova concessão é de 30. Vamos pagar pedágio 54 anos para ter o Contorno Norte”, criticou o parlamentar, lembrando da retirada da obra do contrato de pedágio encerrado em 2021 e marcado por compromissos pendentes e casos de corrupção.

“Londrina é a única cidade [de médio e grande porte do Norte do Paraná] que não tem contorno. Estamos reivindicando pouco. Pela contribuição que damos para o crescimento do estado, a gente poderia pedir muito mais do que está pedindo”, declarou Turini.