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Maringá 5m de leitura

Ex-prefeito de Maringá é condenado em caso de venda de terrenos

Segundo o MP, Barros e outros agentes públicos “dolosamente” deixaram de comunicar donos de lotes alvos de expropriações visando favorecer corretores

ATUALIZAÇÃO
21 de março de 2019

Vitor Struck
AUTOR

Cotado para concorrer pela quinta vez à Prefeitura de Maringá no ano que vem, o ex-prefeito daquele município e ex-secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Sílvio Barros II (PP), foi condenado por improbidade administrativa pelo cometimento de irregularidades nas desapropriações de imóveis destinados à instalação do Parque Industrial de Maringá. A condenação, que envolve outras seis pessoas, é da 2ª Vara da Fazenda Pública de Maringá e cabe recurso.

De acordo com o Ministério Público, após assinar um decreto para a compra de terrenos onde seria instalado o Parque Industrial, Barros decretou a desapropriação amigável destes lotes, em novembro de 2011. No entanto, o fato não teria sido comunicado aos proprietários, que deram continuidade ao processo de venda com a ajuda de quatro corretores de imóveis e acreditando estar vendendo-os ao município.

Desta forma o MP defende que Barros, o então procurador-geral do Município, Luiz Carlos Manzato, e o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Valter Viana, ajudaram os corretores de imóveis a receberem indevidamente as comissões de venda.

Para o juiz Nicola Frascati Junior, “é crível admitir, portanto, que o réu Silvio Magalhães Barros II era pleno conhecedor das ilegalidades perpetradas pelos agentes públicos réus que estavam sob sua hierarquia, seja durante a incisiva abordagem dos particulares expropriados, seja na inobservância das regras procedimentais dos processos administrativos de desapropriação amigável, principalmente porque lhe competia, por dever, fiscalizar a regularidades dos referidos atos”, diz.

A decisão do juiz determina o ressarcimento integral dos danos materiais causados aos proprietários por todos os sete réus. No entanto, Barros, Manzato e Viana também foram condenados ao pagamento de multa civil equivalente a 20 vezes o valor atualizado da remuneração que cada um recebia na época dos fatos, ou seja, no período entre 2009 e 2012.

Em nota, o ex-prefeito diz que vai recorrer e que acredita na reversão da condenação. Ele lamenta que o Ministério Público "se mova contra o interesse dos maringaenses e contra a eficiência de gestão. A ação comprova cabalmente que a prefeitura adquiriu por preços vantajosos os terrenos da Cidade Industrial, com economia aos cofres públicos".

Ricardo Barros

Também nesta semana o promotor Pedro Ivo Andrade, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Maringá, denunciou o deputado federal e ex-ministro da Saúde do governo Michel Temer (MDB), Ricardo Barros (PP), irmão de Sílvio Barros, por improbidade administrativa em fatos cometidos enquanto a família estava à frente da Prefeitura. A acusação é de ter interferido em uma licitação para a contratação de uma agência de publicidade no valor de R$ 7,5 milhões enquanto era secretário estadual da Indústria e Comércio.

“Ele telefonou para o secretário municipal de Saneamento da Prefeitura de Maringá, que é outro réu na ação (Leopoldo Fiéviski), pedindo para que ele promovesse um entendimento entre as duas empresas, porque, segundo ele (Barros), era para ser um único concorrente”, explica.

Em nota, o deputado Ricardo Barros afirma que vai provar a própria inocência, além de processar o promotor por “abuso de autoridade”. Mesmo com as gravações telefônicas, Barros diz que “em oito anos não foi encontrada uma só prova de materialidade dos fatos”, e que não houve prejuízo ao erário.

“É uma lástima que o Ministério Público reaja assim às críticas que eu faço aos seus privilégios como representante do povo”, completa.

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