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Política 5m de leitura

Ex-chefe de gabinete de Beto Richa e operador financeiro são condenados na Operação Piloto

ATUALIZAÇÃO
24 de janeiro de 2020

Mariana Franco Ramos - Grupo Folha
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Curitiba - Um dos homens fortes do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo foi condenado a dez anos e cinco meses de regime inicial fechado, além de pagamento de multa, pelos crimes de corrupção passiva e fraude à licitação. A sentença do juiz federal substituto Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara de Curitiba, é a primeira no âmbito da Operação Piloto, que investiga irregularidades na duplicação da PR-323.

O empresário Jorge Theodócio Atherino, considerado o operador financeiro do grupo político que comandava o Estado, também foi condenado por corrupção passiva. A pena é de quatro anos, nove meses e 15 dias, em regime inicial semiaberto. Os dois foram absolvidos das imputações do crime de lavagem de dinheiro. As partes foram intimadas e podem apresentar recursos.

Os advogados Daniel Laufer e Maria Francisca Accioly, que representam Atherino, afirmam, em nota, "que a sentença proferida é manifestamente contrária à prova dos autos". "Restou comprovado que Jorge Theodócio Atherino não participou de atos de corrupção, tese a ser abordada, entre outras, perante o TRF4 no momento oportuno", escrevem.

A FOLHA também tentou contato com a defesa de Deonilson Roldo, mas não conseguiu retorno até o fechamento desta edição.

O juiz julgou parcialmente procedente as acusações feitas pela força-tarefa da Lava Jato, no MPF (Ministério Público Federal), em 2018. Beto Richa é réu em outra ação penal, que ainda está em tramitação, mas nega qualquer ilícito. Ainda foram condenados quatro executivos e funcionários do Grupo Odebrecht, que firmaram acordo de colaboração.

Conforme o MPF, ficou comprovado o pagamento de propina pela construtora a integrantes da gestão tucana, para obter favores ilegais relacionados à PPP (Parceria Público-Privada) da PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá, no Noroeste. 

De acordo com a força-tarefa, executivos da Odebrecht fizeram um acordo com Deonilson Roldo para que ele limitasse a concorrência da licitação, favorecendo a empreiteira e dispensando formalidades legais do certame. Em contrapartida, a empresa pagaria R$ 4 milhões a Roldo e ao seu grupo. Ainda segundo o MPF, ao menos R$ 3,5 milhões foram pagos, com intermédio de Jorge Atherino.

O consórcio liderado pela Odebrecht foi o único a participar do pregão e venceu, entretanto, a obra, orçada em R$ 7,2 bilhões, não saiu do papel.

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