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Política 5m de leitura

Deputados querem mais transparência em pagamentos de jetons no PR

Projeto prevê publicação no Portal da Transparência dos valores adicionais recebidos por servidores que participam em conselhos de empresa públicas e de economia mista

ATUALIZAÇÃO
12 de agosto de 2019

Mariana Franco Ramos - Grupo Folha
AUTOR

 "A ideia é avançar na transparência, não ter mais segredo. É justo e é correto", justifica Tiago Amaral
 

Curitiba - Quantos e quais servidores do Paraná recebem jetons, adicionais por participação em conselhos administrativos de empresas públicas e de economia mista? Qual o valor pago a cada um deles? Somados, os vencimentos ultrapassam o teto do funcionalismo? Essas são algumas questões que devem ser respondidas, caso o projeto de lei 744/2015 seja aprovado na AL (Assembleia Legislativa) e, posteriormente, sancionado pelo governador Ratinho Júnior (PSD).

Os autores, Tiago Amaral (PSB) e Homero Marchese (PROS), querem que os jetons passem a constar no Portal da Transparência, a exemplo do que acontece com os demais gastos da administração pública. "Todo mundo sabe quanto um deputado estadual ganha, todas as verbas relacionadas a isso, quanto ganha o governador, o professor e o policial. Mas algumas exceções ficavam de fora", destaca Amaral.

Segundo ele, o objetivo é aumentar o controle e a fiscalização por parte da sociedade. "O Paraná tem passado por um processo de redução de benesses, de estrutura de governo, e está adequado a essa mentalidade.Tem situações de decisões judiciais que não permitem a divulgação e a legislação já traz. Mas a ideia é avançar na transparência, não ter mais segredo. É justo e é correto", afirma.

O parlamentar diz não saber se o gasto hoje é alto ou não, justamente devido à falta de publicidade. Os "penduricalhos" são considerados pagamentos extraordinários e, portanto, não entram na conta do limite de remuneração do serviço público, de R$ 33,7 mil.

"A gente não está questionando o valor. A gente não consegue ter acesso à informação justamente porque não é divulgado. Acessando as pautas dos conselhos das empresas é possível ver o total, mas não essa individualização. Não se sabe nem mesmo aproximado quanto se ganha. Seria importante e um avanço", prossegue.

Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica), Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná) e Detran (Departamento de Trânsito do Paraná) são algumas das estruturas do Estado que, hoje, remuneram quem participa de seus conselhos fiscais e de administração. Mas há também casos de políticos paranaenses que integram empresas federais, como Correios, Itaipu e BNDES.

POLÊMICA 

No ano passado, durante a gestão Beto Richa (PSDB), o então deputado estadual Nereu Moura (MDB) chegou a apresentar uma proposta para extinguir os jetons. O assunto gerou polêmica quando veio à tona que o ex-secretário da Fazenda Mauro Ricardo estaria acumulando remuneração total de até R$ 100 mil, por conta da participação em sete conselhos.

Na época, contudo, a discussão se deu em âmbito mais político e a questão não foi para  frente. Vice-líder do governo Ratinho na Casa, Tiago Amaral diz acreditar que agora há enfim clima para se debater o assunto com mais profundidade. Segundo ele, o governo vê com bons olhos a proposta, uma vez que ela estaria alinhada com o programa de compliance implementado pelo próprio governador.

"Queremos que esse tipo de tema seja objeto de grandes discussões. Nossa ideia não é expor ninguém. Pelo contrário. A gente espera que se possa avaliar se há algum tipo de problema, tendo transparência total", pondera.

O parlamentar reforça que o projeto tramita normalmente, sem regime de urgência, e que correções poderão ser feitas no decorrer das discussões. O texto volta a ser analisado na próxima reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Na semana passada, ele recebeu pedido de vista.

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