O prazo para tirar, transferir ou regularizar o título de eleitor termina na próxima quarta-feira (8) e os últimos dias devem ser marcados por uma maior movimentação no Fórum Eleitoral de Londrina. Com atendimento em horário estendido das 9h às 18h desde 22 de abril, o TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) também prepara um último plantão neste final de semana (dias 4 e 5), com atendimento das 9h às 17h.

Além disso, buscando atender à pauta da inclusão - um dos focos da Justiça Eleitoral para este pleito -, uma equipe do TRE-PR foi até a APS-Down (Associação de Pais e Amigos dos Portadores da Síndrome de Down) nesta sexta-feira (3). O intuito foi fazer o alistamento dos alunos e da comunidade da instituição.

O desembargador eleitoral Alexandre Ricardo Fogaça acompanhou a ação ao lado dos juízes eleitorais Mauro Ticianelli e Camila Gutzlaff e do juiz federal Gilson Luiz Inácio. Ele explica que a iniciativa de levar os serviços até as entidades ocorre em todos os municípios de grande porte do Paraná, acompanhando uma recomendação do presidente do TRE-PR, desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, que tem como foco a inclusão das pessoas com deficiência.

“As pessoas com Síndrome de Down podem votar, podem ser mesárias e estamos fazendo essa agenda nas associações visando o alistamento delas, trazer cidadania para essas pessoas e para que elas sejam integradas totalmente à sociedade”, afirma Fogaça, que pontua que os jovens atendidos nesta sexta já saíram com o título em mãos.

Além da pauta da inclusão, o desembargador cita o combate à violência política de gênero e o alistamento dos jovens entre 15 e 18 anos como bandeiras importantes da Justiça Eleitoral.

O atendimento visou a comunidade da APS-Down
O atendimento visou a comunidade da APS-Down | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

PRAZO NO FIM

O juiz eleitoral Mauro Ticianelli aponta que Londrina vem registrando mais de 250 atendimentos por dia após a implementação do horário estendido. No total, já são mais de 398 mil londrinenses aptos a votar em outubro, mas a meta é chegar a 400 mil.

Se os números projetados se realizarem - até dois mil atendimentos nos últimos dias -, a tendência é que o número seja alcançado.

“A gente está convocando o eleitor para regularizar sua situação conosco já tem alguns dias. [A procura] está maior que no pleito passado e um pouco menor do que a gente esperava”, afirma Ticianelli, que ressalta que a Justiça Eleitoral tem focado no alistamento de jovens entre 15 e 18 anos, que ainda não têm a biometria registrada e precisam ir até o Fórum Eleitoral para tirar o título.

O desembargador Alexandre Ricardo Fogaça e o juiz Mauro Ticianelli reforçaram a importância da regularização eleitoral
O desembargador Alexandre Ricardo Fogaça e o juiz Mauro Ticianelli reforçaram a importância da regularização eleitoral | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

Quem está com o título suspenso, precisa transferir o domicílio eleitoral ou pagar multas também pode buscar o atendimento nos próximos dias. E quem não regularizar a situação pode ficar impedido de participar de concursos públicos ou tirar passaporte, por exemplo.

"Agora é hora do eleitor avisar que mudou de cidade, avisar se trocou de endereço dentro de Londrina, avisar que tem uma limitação física. No dia [da eleição] não dá para mudar, tem que ser agora", reforça o juiz.

O desembargador lembra que apenas os eleitores que ainda não possuem a biometria precisam buscar atendimento no Fórum Eleitoral. “Para quem já tem a biometria cadastrada, não precisa ir até o Fórum, pode fazer o autoatendimento online e fazer a regularização do seu título”, completa.

‘CONSCIENTIZAÇÃO MAIOR’

Para a diretora da APS-Down, Idalina Marques, a ação da Justiça Eleitoral na instituição foi um passo importante. Ela explica que o TRE-PR já havia feito uma orientação anterior na entidade e vê isso como uma forma de capacitar e incluir as pessoas com Síndrome de Down na sociedade.

“Nós temos uma média, na Educação de Jovens e Adultos, de 70 eleitores, só que não são os 70 que têm condições para isso. Temos alguns alunos que têm uma compreensão através de orientações, e isso demanda também da família”, conta a diretora.

“Eu acho que ajuda muito, é uma conscientização maior. E também facilita, é um documento a mais que eles têm e que facilita quando as famílias precisam de outros procedimentos que demandam a documentação", acrescenta.

O jovem Guilherme, 17, foi um dos primeiros alunos atendidos nesta sexta-feira (3). Ele posou para foto ao lado do desembargador Alexandre Ricardo Fogaça
O jovem Guilherme, 17, foi um dos primeiros alunos atendidos nesta sexta-feira (3). Ele posou para foto ao lado do desembargador Alexandre Ricardo Fogaça | Foto: Douglas Kuspiosz

Marques aponta que, dentro da prática pedagógica, questões como democracia e participação popular são abordadas com os jovens. “As professoras fazem todo esse trabalho. Nós temos uma aula preparada onde eles vão fazer essa simulação de voto, de conscientização, de saber como funciona o procedimento”, pontuando que algumas famílias querem que os filhos atuem como mesários. "Isso é muito bom, porque acredito que é um crescimento, um envolvimento social que faz toda a diferença na vida deles."

E o atendimento na APS-Down não ficou restrito aos alunos. O aposentado Marco Antônio Atibaia, pai do jovem Guilherme, de 17 anos, aproveitou a oportunidade para tirar um novo título eleitoral.

“Eu sempre gostei de cumprir com a minha obrigação. A partir dos 70 anos não precisa votar, mas eu ainda voto”, dizendo que seu filho fez o primeiro título e poderá participar do pleito de outubro. "Eu entendo que vou conversar com ele, explicar que é uma coisa muito importante, porque de repente com um voto você muda a situação de um país."

A professora de balé Luciana Dias Lupi Vasconcelos, mãe da jovem Ana Carolina, de 20 anos, também avaliou como positiva a ação da Justiça Eleitoral. “Eu acho que é um trabalho de extrema importância, porque tem muitas mães que têm dificuldade de locomoção. Então, facilita o acesso. Eles são cidadãos como outro qualquer. É importante essa ação de facilitação.”