O ex-procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol recebeu R$ 500 mil de supostas doações após ser condenado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) a indenizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A "enxurrada" de manifestações fez com que ele encerrasse a campanha por meio do seu perfil oficial no Twitter.

O petista, que é pré-candidato nas eleições deste ano, pediu R$ 1 milhão em danos morais por ter sido citado em uma apresentação de Power Point, mas a Justiça fixou o valor de R$ 75 mil. Por maioria de votos, os ministros interpretaram que Dallagnol "extrapolou os limites de suas funções ao utilizar qualificações desabonadoras da honra e imagem de Lula".

Segundo o ex-membro do MPF, o dinheiro foi doado em 36 horas, o que representa "um fato inédito e histórico para o nosso país, além de ser um dos maiores marcos do apoio ao combate à corrupção da nossa história política recente", escreveu no Twitter.

Dallagnol afirmou que meio milhão de reais "é mais do que suficiente para cobrir o valor da indenização a Lula caso eu não consiga derrubar a decisão. Não é mais necessário doar, mas sempre será necessário acreditar e lutar pelo Brasil". Ele disse que vai doar o recurso para hospitais que atendem crianças com câncer e autismo.

Em novembro do ano passado, o ex-procurador deixou o MPF depois de virar alvo de vários processos administrativos no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). As representações foram ingressadas por políticos investigados na Lava Jato, operação que coordenou junto com outros procuradores.

Filiado ao Podemos, mesmo partido de Sergio Moro, Dallagnol afirmou, em entrevista à FOLHA, que a Lava Jato não cometeu abusos.

IRONIA

Se houve excesso de solidariedade para o ex-procurador, teve gente que aproveitou as doações por PIX para ironizar a condenação imposta pelo STJ. Roberto Requião, agora filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores), doou R$ 1 na conta de Dallagnol. "Ajudo a pagar, mas não faça mais canalhice", criticou.

Requião é pré-candidato ao Governo do Paraná. Na semana passada, esteve com Lula no assentamento Eli Vive, no distrito de Lerroville, zona rural de Londrina.