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Política 5m de leitura

Copa agita líderes mundiais, mas Bolsonaro ignora seleção no Catar

Recolhido desde que perdeu as eleições, presidente não se manifesta sobre os jogos da Seleção, ao contrário de outros líderes

ATUALIZAÇÃO
04 de dezembro de 2022

Demétrio Vecchioli/ Folhapress
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Imagem ilustrativa da imagem Copa agita líderes mundiais, mas Bolsonaro ignora seleção no Catar

São Paulo - O primeiro-ministro da Holanda comemorou a vitória da sua seleção sobre os Estados Unidos na Copa do Mundo zombando o presidente Joe Biden: "O futebol venceu". Alberto Fernández agradeceu à seleção argentina pelos momentos de "encher a alma". Para não desagradar a ninguém, o novo primeiro-ministro britânico Rishi Sunak viu o duelo Inglaterra x País de Gales entre uma menina inglesa e uma garota galesa.

Líderes do mundo todo estão mandando energias positivas para suas seleções e comemorando os resultados alcançados até aqui. Com uma única exceção: Jair Bolsonaro (PL). O nacionalista presidente brasileiro, que criou uma imagem de torcedor de futebol, com dezenas de aparições públicas com camisas de times, segue sem tecer nenhum comentário a respeito do Mundial no Catar.

Bolsonaro sequer retribuiu o apoio recebido, durante a eleição, de alguns dos principais jogadores da seleção brasileira, incluindo o craque Neymar, que se machucou na partida de estreia e ficou fora dos jogos contra Suíça e Camarões. Neymar, que declarou voto em Bolsonaro em momento difícil da campanha, às vésperas do primeiro turno, não recebeu incentivo público do presidente.

A postura contrasta, por exemplo, com a da Copa América do ano passado, disputada no Brasil. Quando a seleção enfrentou a Venezuela, Bolsonaro postou foto assistindo ao jogo pela televisão. Em 2018, quando o torneio também aconteceu no Brasil, ele chegou a entrar no gramado do Maracanã e posar com a taça em meio aos jogadores.

Curiosamente, sua última aparição pública antes da derrota eleitoral de outubro foi recepcionando a delegação do Flamengo na volta ao Rio com a taça da Libertadores. Em pleno dia de eleição, ele foi ao aeroporto para receber os jogadores e posar com o troféu. Depois, só foi visto em público novamente no último dia 26, em um evento militar, no qual não discursou.

AGRADECIMENTOS

Tradicionalmente os grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo são utilizados por líderes políticos para se aproximar da população, em momento de união nacional na torcida pela mesma equipe ou delegação.

Foi o que fez, por exemplo, o presidente da Argentina Alberto Fernández, no sábado (3). "Obrigado, [seleção da] Argentina por esta imensa alegria. [Agradeço] aos jogadores e a toda a equipa técnica pelo esforço, camaradagem e pelo grande futebol que estão a nos proporcionar. Para nós que amamos este esporte e nosso país, esses momentos enchem nossas almas", escreveu no Twitter.

Joe Biden, presidente dos EUA, gravou vídeo interagindo com jogadores da seleção, desejando boa sorte à equipe antes do jogo contra a Holanda e avisando que o esporte se chama "soccer". Levou uma invertida do primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte: "Desculpa, Joe, mas o futebol venceu", festejou o político europeu.

Emmanuel Macron, presidente da França, comemorou a vitória deste domingo (4) sobre a Polônia com foto de Mbappé e Giroud e a mensagem direta: "nas quartas". Derrotado, o primeiro-ministro da Polônia Mateusz Morawiecki parabenizou o time. "Todos nós vimos a grande seleção que temos. Muito obrigado a toda a equipe, ao treinador e à comissão técnica", escreveu.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, também agradeceu ao time. "Vocês deixaram a Austrália orgulhosa no maior palco do mundo", escreveu, antes de compartilhar fotos da torcida australiana.

O silêncio de Bolsonaro sobre a Copa do Mundo contrasta com os comentários de Lula (PT), presidente eleito e que assumirá o cargo novamente a partir de 2023. Nas suas redes sociais ele tem mostrado sua torcida pelo Brasil e até vestiu a camisa amarela da seleção, que ficou marcada por ser usada por bolsonaristas nos últimos anos.

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