A necessidade de viabilização célere do Contorno Leste tem sido uma pauta praticamente unânime entre lideranças políticas e econômicas de Londrina. A maneira de tirar essa ideia do papel, entretanto, ainda não é consenso entre quem tenta convencer os governos Lula (PT) e Ratinho Junior (PSD) da necessidade de realizar a obra vislumbrada há pelo menos três décadas.

A criação de uma nova conexão rodoviária entre a PR-445 e a BR-369 esteve novamente em pauta na sexta-feira (19), em uma reunião pública promovida na Câmara Municipal de Londrina (CML).

Um dos entusiastas do tema, o deputado estadual Tercilio Turini (PSD), assim como disse à FOLHA no fim de abril, voltou a reivindicar durante o encontro que Londrina e região não podem perder a oportunidade de cobrar a inclusão da iniciativa no lote 3 do novo modelo de pedágio em fase de implantação do Paraná.

Luísa tenta PAC

Já Luísa Canziani, que é do mesmo PSD de Turini, segue a defender outra maneira de desatar o nó do Contorno Leste. A deputada federal tenta emplacar a execução da empreitada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

“A minha avaliação é que dificilmente a obra do Contorno Leste será incluída no contrato de concessão das rodovias estaduais porque está prevista a obra do Contorno Norte. Estamos trabalhando para conseguir que essa obra [Contorno Norte] seja executada já nos primeiros anos de concessão. Acredito que é essa luta que precisamos travar”, comentou em declaração enviada à FOLHA por sua assessoria de imprensa.

Luísa Canziani defende desatar o nó do Contorno Leste pelo Programa de Aceleração do Crescimento
Luísa Canziani defende desatar o nó do Contorno Leste pelo Programa de Aceleração do Crescimento | Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

A solução via PAC, todavia, ainda é alvo de tratativas com a gestão petista. “A equipe do ministro [da Casa Civil, Rui Costa] argumentou que há dificuldades em incluir no PAC uma obra que faça a ligação entre uma rodovia federal com uma rodovia estadual, mas que há a possibilidade de fazer essa conexão se for com rodovias federais. Dessa forma, a equipe afirmou que essa questão seria discutida internamente no ministério, inclusive, com a possibilidade de elaboração do projeto da obra, bem como sua inclusão no PAC”, acrescentou Canziani.

Barros busca ação unificada

Seja qual for a fonte de financiamento, o discurso comum no momento é de união de esforços para sensibilizar quem tem a caneta na mão, como evidenciou o deputado federal Filipe Barros (PL) em ofício enviado por ocasião do encontro na CML

Filipe Barros acredita que a melhor postura agora é a união de esforços para sensibilizar quem tem a caneta na mão
Filipe Barros acredita que a melhor postura agora é a união de esforços para sensibilizar quem tem a caneta na mão | Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

“Estamos solidificando as tratativas com o governador Ratinho Junior [PSD] para que seja uma ação unificada do governo do Paraná, norte do Paraná, Londrina e região metropolitana, envolvendo todas as forças políticas, como deputados federais, senadores, deputados estaduais, vereadores, prefeitos e lideranças sociais e produtivas.”

Uma das apostas de Barros para começar a destravar o projeto se dá por uma emenda da bancada federal do Paraná aprovada no orçamento da União para 2023 que assegura recursos para a realização do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental do Contorno Leste – mas, por ora, não há informações se o Evtea será colocado em prática pelo governo Lula.

ANTT ausente

Além disso, um dos desafios em curto prazo é trazer a Agência Nacional de Transportes Terrestres mais próxima do debate, já que a ANTT não enviou nenhum representante à agenda no Legislativo. Turini lembrou que, no governo de Jair Bolsonaro (PL), o órgão federal chegou a listar o Contorno Leste como uma das intervenções contempladas nas novas concessões de pedágio.

Tercilio Turini reivindica incluir a obra no lote 3 do novo modelo de pedágio
Tercilio Turini reivindica incluir a obra no lote 3 do novo modelo de pedágio | Foto: Orlando Kissner/Alep

“Foi retirado do ponto de vista político, não técnico. Depois de dois anos e meio, não recebemos nenhuma notícia, apesar das cobranças. A sensação é de que fui enganado”, criticou o parlamentar.

Chiorato acionado

A agenda de sexta no Legislativo foi coordenada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico e Agronegócio e pela Comissão Especial de Acompanhamento do Novo Modelo de Pedágio do Paraná. O presidente do último grupo, Mestre Madureira (PP), adiantou que estará com o deputado estadual Arilson Chiorato (PT) nesta segunda-feira (22) para reforçar o coro sobre a demanda.

O vice-presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná), Gerson Guariente, salientou na reunião que os contornos Leste e Norte são “questão de sobrevivência da população”, pois o registro de acidentes automobilísticos – muitos deles fatais – é fato frequente nos trechos urbanos da PR-445 e BR-369.

Um dos encaminhamentos definidos na sexta-feira é o envio de um pedido de informações à CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização ) por parte do vereador Ailton Nantes (PP), que preside Comissão de Desenvolvimento Econômico e Agronegócio, para obter um mapa atualizado da intensidade e gravidade dos acidentes na área urbana de Londrina, incluindo aqueles ocorridos na 369 e na 445.