Pelo menos oito moradores de Londrina estão presos em Brasília após os atos de extremismo contra as sedes dos Três Poderes da República ocorridos no último domingo (08). A identidade dessas pessoas não tem sido revelada por dois motivos, segundo o advogado do grupo, Luiz Fernando Vilasboas: tanto pelo fato de os casos estarem sob sigilo judicial quanto por conta de um pedido das próprias famílias dos indiciados.

Luiz Fernando Vilasboas: “Tem pessoas que foram até a Praça [dos Três Poderes], mas não chegaram perto de prédios públicos"
Luiz Fernando Vilasboas: “Tem pessoas que foram até a Praça [dos Três Poderes], mas não chegaram perto de prédios públicos" | Foto: Divulgação

Em entrevista à FOLHA, o defensor alegou que, ao menos em relação a quem ele representa, os autos da investigação ainda não contêm provas como fotos e vídeos que demonstrem a participação dos manifestantes em episódios como a depredação de prédios públicos. “Tem pessoas que foram até a Praça [dos Três Poderes], mas não chegaram perto de prédios públicos. Ou seja, não houve a individualização do que cada um deles fez para estarem sendo tratados dessa forma.”

Moraes determina abertura de inquérito contra Ibaneis e Torres

Além dos londrinenses, Vilasboas advoga para moradores de cidades da região, como Apucarana e Arapongas, somando cerca de 35 clientes no Paraná (ao todo, são mais de 70 representados por ele). A faixa etária do grupo vai de 26 a 67 anos, mas quem possui mais de 60 acabou liberado da prisão por conta da idade.

Habeas corpus no STF

Vilasboas disse que, na última semana, protocolou pedidos de liberdade dos presos para serem analisados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) mas, se eles não forem julgados neste início de semana, a estratégia será ingressar com habeas corpus junto ao plenário da própria Corte. “Como não houve audiência de custódia em tempo hábil, entendemos que a prisão já deveria ser relaxada de imediato”, argumentou.

Corte de Direitos Humanos acionada

A estrutura prisional do Distrito Federal é motivo de queixas entre os presos, principalmente as mulheres, conforme o advogado. “Elas estão relatando um tratamento que não está sendo condigno com a dignidade humana. Muitas delas não conseguiram trocar de roupa. Estavam tendo que usar as mesmas roupas, lavar, esperar secar para poder se trocar novamente.”

Dez paranaenses estão entre os suspeitos de financiar atos antidemocráticos

De acordo com Vilasboas, peças de vestuário e itens básicos de higiene pessoal têm sido providenciados pelas famílias de quem está preso em Brasília. “Os agentes da Polícia Penal são pessoas muito capacitadas, entretanto não havia condições mínimas [nas prisões] para receber essa quantidade de pessoas”, comentou. Segundo o advogado, as reclamações dos indiciados quanto aos estabelecimentos prisionais serão levadas para a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

****

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.