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Política 5m de leitura

Bolsonaro liga para família de petista assassinado em Foz

Presidente convidou familiares de Marcelo Arruda para entrevista em Brasília; aliados do PT pedem à PGR federalização das investigações

ATUALIZAÇÃO
12 de julho de 2022

Folhapress
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez nesta terça-feira (12) uma chamada de vídeo com a família de Marcelo Arruda, petista que foi assassinado no último sábado (9) em Foz do Iguaçu por um apoiador de Bolsonaro. O presidente disse que "nada justifica" o crime e convidou os familiares de Marcelo para participar de uma entrevista coletiva.

"Por mais que por ventura tenha tido uma troca de palavras grosseiras, mas não justifica o cara voltar armado e fazer o que ele fez", disse Bolsonaro. Um parente de Marcelo respondeu: "Nem justifica ele ter aparecido lá, presidente".

Um trecho da conversa foi divulgado pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles. No vídeo, é possível ver que o deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ) segura o celular por meio do qual é realizada a chamada.

Bolsonaro aproveitou a conversa para convidar a família de Marcelo para participar de uma coletiva de imprensa em Brasília. Segundo ele, a ideia é que eles contem sobre o que aconteceu.

"A imprensa obviamente, quase toda a esquerda, tá quase que botando no meu colo a ação desse cara", diz o presidente em um trecho anterior ao convite.

O guarda municipal Marcelo Arruda foi assassinado no último domingo (10) durante sua festa de aniversário, que acontecia em Foz do Iguaçu (PR). O evento tinha como tema o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o boletim de ocorrência, o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, autor do crime, invadiu o evento e gritou "aqui é Bolsonaro". Ele foi embora e depois voltou atirando. Três disparos acertaram Arruda.

O guarda municipal ainda conseguiu atirar de volta e feriu Guaranho, que está internado em estado estável, mas grave.

INVESTIGAÇÃO CONTRA BOLSONARO

Representantes dos partidos que formam a coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendem que o presidente Bolsonaro seja investigado por crimes de violência política e abolição violenta do Estado democrático de Direito.

O pedido de apuração foi entregue nesta terça-feira (12) ao procurador-geral da República, Augusto Aras.

Os partidos se reunirão nesta quarta-feira (13) com o ministro Alexandre de Moraes, que tomará posse como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em agosto. O tema em pauta também será a violência política, na esteira do episódio de Foz do Iguaçu.

Nesta terça, foram entregues a Aras pedidos para que sejam federalizadas as investigações desse caso e dos disparos contra a caravana de Lula ainda nas eleições de 2018.

De acordo com um dos documentos, frente ao desgaste político e "acuado em seu mundo paralelo, [Bolsonaro] passou a alimentar e estimular com mais afinco suas ameaças autoritárias, violentas, contra as instituições democráticas e seus adversários políticos".

IMAGENS 

A Polícia Civil do Paraná investiga se o policial penal Jorge Rocha Guaranho teve acesso a um aplicativo com imagens do clube onde acontecia a festa do militante petista Marcelo de Arruda, antes de invadir o local. O crime aconteceu no Clube Social Aresf (Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física), em Foz do Iguaçu, no sábado (9).

Segundo fontes na investigação, ele pertenceu à diretoria da associação. A ideia é saber se ele ainda tinha acesso e viu as imagens ou se alguém contou para ele.

Isso é importante para a polícia saber se houve premeditação e até se há algum outro participante indireto no caso.

A reportagem procurou, mas não localizou nenhum representante da Aresf para falar sobre o caso.

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