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Política 5m de leitura

Alep arquiva processo que poderia levar à cassação de Traiano

Conselho de Ética entendeu que confissão de propina pelo presidente da Assembleia não pode ser analisada porque ocorreu em 2015

ATUALIZAÇÃO
07 de março de 2024

José Marcos Lopes, especial para a Folha
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Alep arquiva processo que poderia levar à cassação de Traiano

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) arquivou a representação que poderia levar à cassação do mandato do presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (PSD), que no fim de 2022 admitiu ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) ter recebido R$ 100 mil para renovar um contrato da TV Assembleia. Em sessão na manhã de quarta-feira (6), o Conselho arquivou outra representação contra Traiano, por ter cortado uma fala do deputado Renato Freitas (PT), e uma terceira contra o próprio Freitas.

O relator do processo contra Traiano, deputado Matheus Vermelho (PP), entendeu que a confissão do presidente da Alep não poderia ser analisada por ter sido feita no mandato passado. Ao firmar um acordo de não persecução penal com o MP-PR, Traiano confessou ter pedido R$ 100 mil para renovar o contrato da TV Assembleia com a TV Icaraí, Grupo J. Malucelli. Outros R$ 100 mil teriam sido destinados ao ex-deputado Plauto Miró Guimarães (União Brasil). No mês passado, Traiano disse que o valor era de uma doação legal de campanha. Miró não se pronunciou sobre o assunto.

Em seu parecer, Matheus Vermelho argumentou que o caso não poderia ser analisado porque o pagamento foi feito aos deputados em 2015. “Isso significa que o lapso temporal dentre os fatos até agora impede a continuação válida e regular desta ação legal, uma vez que os eventos precedem significativamente ao início da atual Legislatura. Não houve alegação de qualquer fato novo”, afirmou. O pedido de arquivamento foi aprovado com apenas um voto favorável além do relator, de Artagão Júnior (PSD). Tercílio Turini (PSD) foi contra, pois não teria sido dado prazo à defesa. O deputado Do Carmo (União) não compareceu e a deputada Ana Júlia (PT) está em viagem oficial à Rússia.

Após a decisão do colegiado, Traiano disse apenas que o parecer foi técnico. “O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprovou um parecer técnico, fundamentado no Regimento Interno e na Constituição da República”, afirmou em nota o presidente da Alep.

Ao firmar um acordo de não persecução penal com o MP-PR,  Ademar Traiano confessou ter pedido R$ 100 mil para renovar o contrato da TV Assembleia com a TV Icaraí

FALA CORTADA

Na outra representação contra Traiano, Renato Freitas acusava o presidente da Assembleia de cortar sua fala durante a sessão do dia 9 de outubro do ano passado. Neste caso, o relator Matheus Vermelho disse não ver “qualquer ilegalidade do representado na condução daquela sessão, especial no que diz respeito à interrupção do orador ora representante”. Tercílio Turini (PSD) e Artagão Junior votaram pelo arquivamento.

Já a representação contra Renato Freitas arquivada na quarta-feira foi movida pelo deputado Ricardo Arruda (PL). Ele pediu a cassação do petista por supostamente ofender um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em sessão do ano passado. Matheus Vermelho disse não ver motivo para o procedimento. “A apuração do crime de injúria, demanda de ação penal, e a constatação se dá por meio de decisão judicial condenatória com trânsito em julgado”, disse o relator, que foi acompanhado por Turini e Artagão Júnior.

A sessão de 9 de outubro de 2023 foi a mesma em que Renato Freitas chamou Ademar Traiano de “corrupto” depois de ter a sua fala interrompida, o que motivou a abertura de outro procedimento contra o petista no Conselho de Ética. Freitas recebeu uma advertência, mas o caso será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça, pois a deputada Ana Júlia argumentou que o processo já estaria prescrito.

O presidente do Conselho de Ética, deputado Jacovós, admitiu que há lacunas no Regimento, que levam a diferentes interpretações em relação a prazos. “Os membros do Conselho encontram várias lacunas e há divergências com relação aos prazos e outras questões que precisam ser revistas com urgência. Da forma que está, realmente há muitas possibilidades de interpretações divergentes.”

A Procuradoria da Alep deverá apresentar em 30 dias um relatório com adequações ao Regimento.

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