Durante um tempo, logo no seu início, achei que a "modinha" do "politicamente correto" seria mais uma das tantas que, nesses dias onde tudo é descartável e volátil, passaria logo. Mas não passou e o que era algo mais ligado à forma de se expressar avançou para todas as áreas da vivência humana, tornando muito, muito difícil a convivência com o nosso semelhante. Porque toda e qualquer ação, hoje em dia, é passível de mil interpretações - excetuando-se, claro a sua razão primeira. Impressiona-me a quantidade de pessoas que, possivelmente com dificuldades para entender um texto ou uma verbalização, independente de sua graduação, se autoincriminam, gratuitamente, a partir de palavras e atos de outrem. Fala-se algo de uma forma genérica e abrangente para todo um setor social e logo aparece alguém que levanta um estandarte e grita aos quatro ventos, ou mais, que "sente-se agredido, difamado, injuriado" e que clama por uma reparação, uma retratação e talvez até uma indenização. Aprendi com minha finada mãe que a isto dá-se o nome de "enfiar a carapuça, até o pescoço". As pessoas deveriam ter mais cuidado quando decidissem reagir ao que quer que seja.

Nina Cardoso (psicóloga) Londrina

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Propaganda enganosa

Em cerimônia de posse do paranaense José Laurindo de Souza Netto, como novo presidente do Conselho de Tribunais de Justiça (Folha de Londrina, 11/01), o ministro do STF, Dias Toffoli, disse textualmente em seu discurso: "Não há poder judiciário no mundo mais eficaz que o poder judiciário do Brasil. Nós temos aqui vários ramos de justiça, não deixamos de funcionar um momento sequer, aumentamos a produtividade e a eficácia. Com isso, tivemos uma atuação reconhecida pela sociedade brasileira."

Misericórdia! É muita pretensão! É impossível ouvir isso e ficar calado. Parece até que nós e Toffoli vivemos em países diferentes. Não dá para aceitar tamanha imaginação ilusória e visão equivocada do judiciário. Será que ele não tem, por exemplo, percepção da lentidão crônica que provoca a prescrição de crimes, depois do processo esperar por décadas pelo julgamento? Pelas suas palavras podemos medir o tamanho do fosso que separa a imagem de eficiência que credita à sua instituição e o que realmente pensa a sociedade sobre a Justiça brasileira.

O nosso judiciário é caro, tem os maiores salários entre os poderes da República e está classificado entre os 30 mais lentos do mundo. Como referência, somente o STF gasta em média 600 milhões de reais/ano, com um escandaloso quadro em torno de 2.000 funcionários, entre concursados e terceirizados, para dar suporte ao trabalho dos seus 11 ministros e suas surreais mordomias. A evidente tolerância com os crimes do colarinho branco, o elevado nível de impunidade observado nas decisões da instituição e a nefasta morosidade na gestão processual são outros fatores fortemente repudiados pela população, que não credenciam a distinção do nosso Judiciário no patamar dos países mais desenvolvidos e mais civilizados, como quer Toffolli.

Ludinei Picelli (administrador de empresas)

Correção

Em relação ao título da manchete da edição desta quinta-feira (13), a informação correta é: Sesa declara epidemia de H3N2. Apenas a Covid-19 tem status de pandemia decretada pela OMS (Organização Mundial de Saúde)

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