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EDITORIAL 5m de leitura

Medidas extremas

ATUALIZAÇÃO
05 de abril de 2020

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A falta não é somente de equipamentos de proteção para médicos e outros profissionais de saúde, como já foi noticiado nesta FOLHA e é um tema abordado com frequência pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nas entrevistas coletivas que faz diariamente.  

Existe a preocupação também com a falta de profissionais de saúde, principalmente do SUS (Sistema Único de Saúde) para atender os doentes caso o número de infectados por coronavírus chegue a uma proporção alta como ocorreu em países da Europa e agora nos Estados Unidos.  O risco de um “apagão” de trabalhadores da saúde é extremamente preocupante.  

Tudo isso, somado à falta de leitos, expõe um cenário caótico caso as medidas de restrições impostas pelos órgãos públicos, entre elas a proibição de circulação de pessoas, não sejam respeitadas pela população.  

Há o movimento que pede a flexibilização das restrições com a reabertura do comércio e outros serviços, mas é preciso ter cautela. As mudanças têm que obedecer às orientações de especialistas em saúde pública.  

Já prevendo esse “apagão” de profissionais, o Ministério da Saúde fez muito bem em se antecipar e começar a cadastrar profissionais de saúde que poderão atuar em todo o país no combate ao coronavírus. A pasta espera cadastrar cinco milhões de pessoas das áreas de serviço social; biologia; biomedicina; educação física; enfermagem; farmácia; fisioterapia e terapia ocupacional; fonoaudiologia; medicina; medicina veterinária; nutrição; odontologia; psicologia; e técnicos em radiologia. 

O reforço é para auxiliar os gestores do SUS nas ações de enfrentamento à covid-19.  O ministro explicou que focará primeiramente nos profissionais de saúde que têm disponibilidade e que querem contribuir, enviando-os para os estados onde houver maior necessidade para reforçar equipes médicas. 

Esse cadastramento faz parte da Ação Estratégica “O Brasil Conta Comigo - Profissionais da Saúde”, criada pelo Ministério da Saúde.  

Os cadastrados serão treinados em cursos a distância sobre os protocolos oficiais de enfrentamento à doença. Lembrando que no começo da epidemia, a Itália perdeu 45% da força de trabalho, trabalhadores que foram contaminados e precisaram se afastar da função.  

Mandetta avisou que por enquanto este é um convite, um pedido de ajuda. Mas não descartou que pode haver uma convocação, caso o problema tome proporções como nos Estados Unidos, Itália e Espanha.  

A possibilidade de o governo federal convocar profissionais, garantido o pagamento posterior, está prevista na lei 13.979/2020, que trata das medidas adotadas enquanto durar a emergência de saúde pública por causa do novo coronavírus.  

Lembrou de uma guerra? Pois o mundo está em guerra. Mas dessa vez o inimigo é comum a todos, o coronavírus.  

A FOLHA deseja aos seus leitores saúde e paciência. Obrigado pela preferência! 

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