A urgência é resgatar e salvar vidas. As fortes chuvas que caíram no Rio Grande do Sul, na última semana, fizeram o estado chegar nesta terça-feira (7) à marca de 95 mortes, número que ainda pode crescer porque mais de 130 pessoas seguiam desaparecidas. Ao todo, 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pela tragédia da região.

Uma situação como essa deixará efeitos para muito além de quando a água baixar e as ruas e casas forem limpas. A dor da perda de parentes e amigos é um trauma que não se vence.

Ainda há o prejuízo material, com a destruição de bens juntados durante uma vida toda, de estradas e pontes que precisarão ser reconstruídas, suspensão de aulas em escolas e universidades, cancelamento de consultas médicas, de tratamento de saúde, desemprego.

Estado com forte vocação na agricultura, o Rio Grande do Sul ainda não calculou os prejuízos para o setor, mas as imagens das lavouras danificadas, dos animais mortos pelas estradas rurais e a paralisação dos frigoríficos dão um pouco da dimensão de quanto a economia será abalada.

Prejuízos que alcançarão todas as regiões do Brasil, pois muito do que os gaúchos produzem vão parar nos supermercados de Norte a Sul. Para se ter uma ideia, o Rio Grande do Sul responde por cerca de 70% da produção de arroz no país.

Justamente por isso, o governo federal anunciou que poderá importar arroz e feijão para segurar a alta dos preços desses produtos

Diante das cenas trágicas da enchente no RS, não é possível mais desacreditar o quanto a intensificação do aquecimento global deverá trazer de graves prejuízos, inclusive para a agricultura e para a produção de alimentos.

As ondas de calor e de secas em escala global impactarão a produção de alimentos ou por redução de produtividade ou por dificuldades impostas pela imprevisibilidade.

O Brasil vive uma das maiores catástrofes ambientais da sua história. Áreas urbanas e rurais tomadas pela água. O aeroporto da capital do RS fechado até o fim de maio, devido aos estragos da inundação. Sem falar na falta de combustível, comida, medicamentos. Da moradia à infraestrutura, um dos estados mais ricos do país precisará ser reconstruído.

O resgate de pessoas é prioridade. Mas é preciso aprender com a tragédia e buscar entender o que aconteceu e o que deve ser mudado. As cidades devem pensar em soluções para controlar e evitar o agravamento dos efeitos da crise climática.

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