Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO - Por que nossos estudantes não querem ser professores?
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A frase parece óbvia, mas vale a lembrança: não há escola sem professor, sem aluno e sem conhecimento científico. Para ter aluno, a escola precisa oferecer condições adequadas e a família não pode negligenciar sua responsabilidade de garantir que as crianças sejam matriculadas. Uma vez na escola, o estudante tem o direito de receber uma formação ancorada nos conhecimentos científicos e na cultura construída pela sociedade no decorrer do tempo. Ao professor, cabe a responsabilidade de dominar esses conhecimentos, desenvolvendo métodos e técnicas para que ocorra o ensino e a aprendizagem do aluno.

Em alguns países do extremo Oriente, como a Coreia do Sul, que atribui à educação a transformação social, cultural e econômica do país nas últimas décadas, e que conduziu os sul-coreanos ao grupo dos países mais desenvolvidos do mundo, ser professor é uma das profissões mais admiradas e respeitadas na sociedade, com o mesmo status de outros profissionais também reconhecidos por aqui, como o médico e o magistrado. Com isso, não surpreende o fato de o magistério ser uma carreira profissional concorrida naquele país, atraindo o interesse dos estudantes. Um paradoxo se comparado ao Brasil, onde a docência, sobretudo na educação básica, atrai cada vez menos interesse dos jovens.

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Por que os estudantes brasileiros não se interessam pelas carreiras do magistério? É certo que cada leitor tem uma lista de fatores. Ou seja, com maior ou menor profundidade, sabemos onde estão os problemas. Um deles, certamente, é a falta de valorização do trabalho docente e da compreensão da relevância que essa profissão desempenha para uma sociedade que deseja se desenvolver. No passado, na Coreia do Sul e em outros países da região, como o Japão, os professores eram os únicos cidadãos que podiam andar ao lado do imperador. E mais: se curvar diante do outro, gesto muito comum de demonstração de respeito e reconhecimento na cultural oriental, era algo que o imperador só fazia diante de um professor. ]

Por que no Brasil parte da sociedade ainda não reconhece seus mestres? Certamente você também deve ter muitas respostas para esse questionamento. Mas convém perguntar: até que ponto os professores precisarão continuar provando que são relevantes, necessários, fundamentais? A permanência das crianças em casa em tempo integral devido ao isolamento social ajudou muitas famílias a vivenciarem parte da realidade da educação de seus filhos, reconhecendo a importância do trabalho docente até mesmo por tentarem absorver parte do papel dos professores. Não é fácil, não é mesmo?!

A pandemia desafiou muitos profissionais, e entre os mais desafiados, figuram os professores. Eles tiveram que se adaptar, incorporando novos métodos e ferramentas às suas práticas. De um dia para o outro viraram youtubers, redatores, digital influencers e etc. Abriram suas casas, suas vidas, se entregaram, tudo isso para ensinar, mas também para não perder o vínculo com o estudante, mantendo o afeto na espera pelo dia do retorno às atividades presenciais.

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Devemos reconhecer esses bons exemplos e nos curvar diante destes professores incansáveis que, a despeito da falta de apoio, de reconhecimento e até de respeito, mantêm firme seus propósitos de vida, estudando, aprimorando técnicas e métodos, buscando novidades, investindo seus recursos em instrumentos para educar os estudantes brasileiros. A educação é o meio mais seguro para transformar a realidade. Precisamos, urgentemente, nos curvar diante dessa verdade e praticar o reconhecimento aos principais protagonistas dessa mudança: nossos bons professores.

Wilson Galvão é coordenador de Assessoria de Áreas do Sistema Positivo de Ensino.

A opinião do autor não reflete, necessariamente, a opinião da FOLHA.

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