O jornalista favorito dos marinho, merval pereira, na tentativa de alavancar a candidatura à presidência da república do garoto de ouro da globo que não empolga nas pesquisas de opinião (sérgio moro) soltou a seguinte pérola: ‘todo juiz é parcial’.

Não minta em voz alta merval. Na sua idade não seria de passar essa vergonha para agradar a seus patrões, afinal, como disse Dias Gomes em seu Santo Inquérito, ‘há um mínimo de dignidade que não se negocia’.

A ‘tese’ da relativização da parcialidade é deletéria cultural da organização judiciária, na medida em que, ao sobrepor o interesse (defesa de moro) sobre o fato (imparcialidade do juiz), merval calunia o Poder Judiciário feito um todo...

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Deveras, estamos um país que não se resolve: não somos uma piada porque não há bom gosto nas opções (vide a fala de merval); não somos uma tragédia porque gente feito monark e adrilles tem público (ainda que estes não saibam o que estão fazendo); não somos um acerto porque não pode ser correto governar para a maioria!

Outro dia almoçava no Minato (como gosto de lá) e avistei um desafeto em alguém que o tempo e minha posição política moldou. Não soube o que fazer. Gostaria de tê-lo cumprimentado (como sempre o fiz), mas a ignorância do fulano criou uma barreira que nos afastou.

É isso. Penso que estamos nos afastando pelo acúmulo de barreiras invisíveis que a ausência de luz patrocina. Há muita diferença entre nós, mas isso seria bastante para nos afastar? O que nos aproximaria então? O que não nos faz pensar?

A fala de interesse dos marinho é direcionada a quem não pensa, suposto que uma de suas premissas customiza o grande irmão na busca das ovelhas desgarradas, em prol de um convívio onde as ideias viessem estabelecidas pelo conjunto dos interesses do patrão do merval...

Esse seria o mundo onde um juiz parcial, daqueles que merval gosta e defende, chamado a julgar casos de abuso de poder, atenderia o poderoso em detrimento às minorias...

O que merval não contabiliza em sua equação é, justamente, o tempo que modifica as coisas e transforma as pessoas. Assim, vou contar sobre imparcialidade judicante. Casei com a bela Desirée em 1991 (abril, 27). Éramos, então, jovens advogados que iniciavam a lida na profissão. Por carinho, apego e admiração minha que jogava bola com o então juiz de Direito Ariovaldo Stroppa Garcia (que era um craque), convidei-o a apadrinhar nosso casamento. Ariovaldo muito nos honrou com sua benção e seguiu dando a jurisdição que sempre deu – aqui e por onde passou...

Eu segui jogando futebol no mesmo ambiente em que conheci Ariovaldo e quando, porventura, nos encontrávamos no campo (quase sempre lá na Mayrink Góis, perto da exposição) jogando o jogo que ensina viver, seguimos nossa relação de carinho e admiração (de minha parte extraordinária) sem qualquer mudança pelo fato de Ariovaldo ser meu padrinho de casamento.

Nunca foi preciso tratar do tema do apadrinhamento justamente porque Ariovaldo, meu padrinho e modelo de Juiz, sempre foi um magistrado imparcial, justo e honrado.

Assim, quando merval e sua besta fera do agrado incontido ao interesse de seus patrões diz que todo juiz é parcial, ele ofende minha relação maravilhosa e de profunda admiração e respeito com meu padrinho de casamento.

Sabe merval, você que gosta de parecer professor de Deus, com seus pitacos de interesse, teria muito a aprender com meu padrinho Ariovaldo, um homem simples que nunca viu a quem julgava e sim o que decidia.

É fato, todavia, que merval viveu uma realidade distinta da minha, notadamente naquilo que os mais variados e múltiplos interesses jurídicos dos marinho possam ter merecido uma atenção diferenciada de um ou outro juiz...

Ademais, não vejo meu padrinho há anos, mas sigo com extraordinárias lembranças do meia clássico que fazia a bola girar no jogo que interessa e através do qual nos aproximamos e estabelecemos uma relação de admiração mútua...

Tristes e combalidos trópicos, onde imprensa livre é uma metáfora que conflita com os interesses do dono do pensamento do merval.

Saudade Pai, você me ensinou a não vergar...

João dos Santos Gomes Filho, advogado

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