O que os ODS 2020-30 nos alertam é de que o estado atual das coisas deve mudar, tomarmos consciência e com uma atitude responsável mudarmos o rumo das coisas. A pandemia do coronavírus nos enviou um alerta de nossa fragilidade, nossa arrogância perante o planeta. Será que ouvimos, entendemos esse alerta?

Esse é nosso desafio como seres humanos, conscientes, resilientes, sensíveis e empáticos com nossa espécie e com toda vida planetária. Nossas referências devem passar por uma profunda mudança, é o que nos alerta a Carta da Terra, a Agenda 21, Os documentos da ONU em suas Eco conferencias, do IPCC, as COPs e os ODS.

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Quando o Clube de Roma nos alertou e a Eco Conferência de Estocolmo referendou os limites do crescimento econômico, em 1972. Cinqüenta anos se passaram, com muitos avanços técnico-científicos, porém, também continuamos a aprofundar nossa pisada antropocena sobre a biodiversidade planetária, sobre os modelos econômicos, sociais e a biodiversidade. Não haverá vitalidade humanitária e planetária sem frear e colocarmos limites do crescimento para atender os desejos e necessidades de viver.

Entendemos que buscar e paz e encontrar os caminhos sustentáveis para viver neste planeta são as principais motivações dos ODS. A sustentabilidade que buscamos, pelo menos que entendemos, implica viver em busca de diálogos, a melhor relação salutar entre os homens e destes com a natureza. Somente construiremos uma civilização sustentável se abandonarmos as concepções guerreiras, dominadoras de poder das pessoas sobre outras, de países sobre outros e de todos nós seres humanos sobre a natureza. A concepção da armas, da violência não leva a bons resultados, a história tem demonstrado isso.

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O que não podemos, e isso nos alerta os ODS, abrir mão dos: direitos humanos, direitos sociais e dos direitos da natureza. De fato estamos falando do humanismo, da solidariedade, da tolerância, da democracia de alto teor (representativa, participativa, dialógica), da preservação da natureza e dos diálogos civilizatórios horizontalizados.

Tudo isso significa pensar a sustentabilidade substantiva, de alto significado, não superficial, vazia, oca. Esta já existe de forma adjetiva instalada em inúmeras empresas, instituições, entidades. Falamos da sustentabilidade como substantivo, profunda, que coloca outro teor a vida. Quer dizer: não à guerra, não às armas, não à violência, não ao autoritarismo, não à fome, não ao desemprego, não à destruição ambiental, não às mentiras, não à corrupção, não à tirania e à estupidez.

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As cartas estão na mesa! Não temos mais dúvidas e tão pouco tempo para vacilar, pois sabemos aonde tudo isso irá nos levar, portanto atenção total aos ODS 2020-30 já nos faz crer que as possibilidades de encontro de um mundo sustentável se apresentam logo à nossa frente. Temos obrigação de conhecer o chão onde pisamos e de onde nossos ensaios e atitudes concretas começam para a construção de um mundo sustentável. Isso demonstra que podemos apreender com o mundo e o mundo pode apreender com a gente.

Essa troca de experiências e diálogos parece ser um caminho salutar num tempo de alta ciência e tecnologia adquiridas pela modernidade. Ao mesmo tempo em que vivemos num mundo marcado pela nossa forma de comunicação pelas redes sociais, devemos assim aproveitar esses instrumentos e artefatos de nosso tempo para perceber, identificar e indicar trilhas sustentáveis que se abrem e tornam-se visíveis por todos os cantos. Nada nesse sentido deve ser desperdiçado.

Esse, um compromisso como guardiãs e difusores dos ODS da ONU, que além de indicarem caminhos nos propõem um grande pensar de nosso tempo marcado por altos riscos e perigos que rondam em nosso cotidiano. Entrar em cena com a prevenção, a precaução, a responsabilidade social e ética e alinhados com bons exemplos que temos em nosso território local, associados à criatividade humana que nos resguardam a segurança e convicção é o caminho que queremos para construirmos um mundo sustentável de viver.

Paulo Bassani, sociólogo e professor univesitário

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