O prefeito de Apucarana (Norte), Junior da Femac (PSD), teria agido para impedir a abertura de investigação pela Câmara Municipal contra o vice-presidente da Casa e aliado dele, Mauro Bertoli (União Brasil). Bertoli seria alvo de uma comissão para apurar uma denúncia de pedofilia.

É o que aponta um áudio vazado em que Femac pede a um outro vereador para que não seja aberta a apuração no Legislativo. O nome do parlamentar que teria recebido a gravação não foi divulgado. A acusação contra Bertoli já virou ação penal do Ministério Público.

No áudio, o prefeito afirma acreditar que Bertoli apenas recebeu o conteúdo e não o produziu. Aponta ainda a necessidade de que a comissão não seja criada.

Imagem ilustrativa da imagem Prefeito de Apucarana suspeito de tentar barrar investigação na Câmara
| Foto: Rafael Machado - Grupo Folha

Promotores responsáveis pelo caso contaram à FOLHA que em 2020 investigavam possível crime eleitoral praticado pelo vereador. Em uma das diligências, o celular dele foi apreendido, mas o aparelho possuía materiais com pornografia infantil, o que gerou a abertura de outro procedimento.

Em nota, o Ministério Público informou que: "O caso foi objeto de investigação na 6ª Promotoria de Justiça de Apucarana, após a localização do material em busca e apreensão solicitada pelo Ministério Público Eleitoral da comarca, e atualmente a ação penal corre em segredo de justiça, o que impossibilita a disponibilização de outras informações".

A Prefeitura de Apucarana emitiu a seguinte nota para comentar o caso:

"O prefeito de Apucarana-PR, Junior da Femac, esclarece que o áudio divulgado é de trechos de uma conversa que manteve no mês de maio com um vereador. Ele diz ter apenas argumentado sobre fato que já está sendo investigado pelo Ministério Público e a Justiça Criminal da Comarca de Apucarana, há cerca de um ano e meio.

Disse a ele que confio plenamente no Ministério Público e na Justiça, e que apoia toda investigação, sem que haja a politização do caso. Como pai de duas meninas, repudio com veemência fatos desta natureza. Como gestor público, mantenho várias políticas de enfrentamento da violência contra crianças e mulheres. Como exemplo, o prefeito cita o Comitê de Escuta Especializada, mantido pela prefeitura, como forma de evitar a revitimização de crianças e adolescentes, que sofreram algum tipo de violência.

Também mantemos na nossa gestão psicólogos custeados pelo município em todas as escolas públicas estaduais para atender crianças e adolescentes. Mantemos ainda políticas de proteção à mulher tais como o 'botão do pânico' e a 'patrulha Maria da Penha', custeados pelo município, além da distribuição gratuita de kits de higiene íntima nas escolas públicas estaduais e nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), visando combater a pobreza menstrual."

Bertoli não quis se manifestar. A reportagem tentou contato com o presidente da Câmara de Apucarana, Franciley Poim (PSD), mas ele não atendeu as ligações.

Junior da Femac foi reeleito prefeito em 2020 após ter assumido o cargo na condição de vice do então chefe do Executivo Beto Preto (PSD), que havia deixado a prefeitura para comandar a Secretaria de Estado da Saúde na atual gestão do governador Ratinho Junior (PSD). Preto renunciou ao cargo em abril para concorrer a uma vaga de deputado nas eleições de outubro.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.